Comportamento

A expressão ética da confiança (2ª Parte)

janeiro de 1970 - 2 min de leitura
Comportamento

A expressão ética da confiança (2ª Parte)

janeiro de 1970 - 2 min de leitura

Há pessoas que costumam dar confiança com aparente amplitude para obter, em retribuição, a de seu próximo. Por trás de semelhante prodigalidade costumam esconder-se terríveis intenções, e os que aceitam tal temperamento, admitindo uma confiança que é alheia à idiossincrasia de quem a prodigaliza, correm o perigo de ser surpreendidos com exigências que nem sempre é possível atender. Mais ainda, às vezes acontece que, ingenuamente, caem nas armadilhas de situações embaraçosas, das quais com muita dificuldade e não poucos desgostos conseguem escapar.

É indubitável que a variedade de aspectos que surgem, ao se aprofundar este estudo sobre a confiança em suas formas éticas, é sumamente interessante. Assim o vemos quando aparece, por exemplo, nos lábios do brincalhão que, excedendo-se no tom e sem o cuidado de observar os efeitos que produz no ânimo de seus semelhantes, vê que pouco a pouco passa a ser recebido com prevenção no seio de suas amizades, quando não é excluído por completo. Essa classe de brincalhões fere a sensibilidade e incomoda o pudor comum.

Quão grata é para o espírito a brincadeira feita com elevação, delicadeza e com propósito nobre

pois ameniza o ambiente e converte as reuniões numa atraente recreação espiritual. A brincadeira elevada, gentil e sadia, é aceita por todos; mais ainda, é buscada e apreciada.

Esta é a que deve ser cultivada com prudência, selecionando os temas que lhe servirão de motivo.

Quão necessário é que o homem seja circunspecto e fino em suas atuações, para que elas sejam felizes e não desditosas; e quão necessário é também que seja cauto e rigoroso nesses meios de observação e realização da própria cultura, para não ter que sofrer lamentáveis imprevisões que redundem em prejuízo de seu conceito, ao não saber comportar-se na vida de relação, na sociedade à qual pertence e que frequenta.

Eis aí outro aspecto da confiança que a Logosofia utiliza para revelar deficiências e apontar uma conduta que enalteça e honre o ser, sendo uma garantia de convivência harmoniosa e agradável.

A confiança que um povo outorga a seu mandatário, ao centralizar em um a vontade de todos, é uma prova de moral pública; mas, se ela é defraudada, a própria moral reage, e o usurpador perde a confiança de seu povo.

Adicionaremos que a confiança, do ponto de vista de sua expressão ética, deve constituir o fundamento de toda organização moral, política e social.

Extraído da Coletânea da Revista Logosofia – Tomo 2, p.51


Um pensamento de

 Carlos Bernardo González Pecotche (Raumsol)
Carlos Bernardo González Pecotche, também conhecido pelo pseudônimo Raumsol, foi um pensador e humanista argentino, criador da Fundação Logosófica e da Logosofia, ciência por ela difundida. Nasceu em Buenos Aires, em 11 de agosto de 1901 e faleceu em 4 de abril de 1963. Autor de uma vasta bibliografia, pronunciou também inúmeras conferências e aulas. Demonstra sua técnica pedagógica excepcional por meio do método original da Logosofia, que ensina a desvendar os grandes enigmas da vida humana e universal. O legado de sua obra abre o caminho para uma nova cultura e o advento de uma nova civilização que ele denominou “civilização do espírito”.

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