Recursos psicológicos para tornar-se verdadeiramente produtivo
Com o isolamento social a partir de 2020, pensei: “agora ficarei superprodutivo, pois vou trabalhar de casa, sem as distrações do escritório, nem o tempo gasto com o deslocamento!”
Passados alguns meses, parecia que, ao contrário, o tempo tinha diminuído.
Não nego que a demanda profissional tenha aumentado um pouco, contudo, meu problema com o tempo não estava no aumento da demanda, no escritório ou no ir e vir do deslocamento, mas sim em minha mente.
Trabalhando em casa, as distrações eram frequentes: “deixa eu acompanhar o movimento da bolsa de valores”, “deixa eu verificar meu e-mail”, “ver se as campanhas de marketing estão funcionando”, “ver se tem algum comentário novo no Instagram”.
A preocupação variava conforme o momento, mas sempre incitava a interromper minha atividade por outra demanda — que podia até ser importante, mas não naquele momento.
Quando percebi que o problema era recorrente, busquei no livro Deficiências e Propensões do Ser Humano a causa dessa improdutividade.
Você já viveu algo assim? Saberia dizer qual era a causa?
Trio da Inconstância, Curiosidade e Impulsividade
Descobri que era um trio de pensamentos atuando: a inconstância, a curiosidade e a impulsividade.
Assim que começava uma atividade um pouco mais difícil, que me exigia pensar mais para resolver, a inconstância aparecia, tentando impedir de me concentrar naquilo. Com ela, vinha a curiosidade me “cutucando” para verificar alguma outra coisa importante, como um e-mail, mas que era inútil naquele momento. Para fechar o trio, a impulsividade aparecia, levando-me a mudar de atividade, sem ter tempo sequer para refletir sobre aquilo.
Rapidamente, usando os atalhos do teclado e movido por esse impulso, abria outra janela no computador e, quando percebia, já estava fazendo algo totalmente diferente do objetivo inicial.
Com esse triste cenário, via meus dias passando, sendo levado por esses pensamentos. A velocidade e a força que impunham à minha vontade eram tão grandes que não me sentia livre, pois raras vezes conseguia impedir que eles me conduzissem.
Então, enquanto seguia normalmente trabalhando, comecei uma luta interna diária e silenciosa contra esses três pensamentos. Aos poucos, seguindo o método ensinado por González Pecotche, fui reduzindo minha improdutividade.
Ainda que sem ter vencido 100% essa luta, é notável o quanto me sinto mais livre agora, realizando mais em menos tempo — o que me permite realizar mais não só no trabalho, mas também nos estudos e em minha vida como um todo.
Não descarto o valor dos inúmeros métodos para ganharmos produtividade em uma ou outra atividade, mas sei que, atuando na causa, posso transferir aquela produtividade alcançada com meu esforço aos demais campos da vida, reduzindo a dependência de recursos externos e podendo, inclusive, ensinar outras pessoas.
Trabalho: campo experimental para desenvolvimento de virtudes
Neste ponto ressalto que são diversos os pensamentos que afetam nossa capacidade profissional. Além dos apresentados, há outros: a falta de vontade, negligência, indiferença, brusquidão, suscetibilidade, indisciplina, desordem etc.
Então, é possível que essa descoberta feita em minha psicologia não seja necessariamente vivida por você.
E aí está a riqueza deste estudo: enquanto realizamos nossas atividades profissionais, podemos identificar oportunidades de evolução e seguir esse trabalho silencioso de aperfeiçoamento, sem atrapalhar o rendimento profissional.
Hoje, por exemplo, tenho buscado cultivar um pensamento para avaliar como se deu o meu dia de trabalho.
Quais deficiências observei em mim ao longo do dia? Quais efeitos tiveram e o quanto as consegui bloquear? Quais virtudes cultivei? Meu dia foi útil para minha evolução ou simplesmente finalizei com algo como: “o dia foi bom, tive uma reunião interessante, mas não consegui observar nada do meu interno?”
Este exercício me tem permitido melhor desfrutar minhas horas de trabalho, pois estas deixaram de representar simplesmente um ato de serviço à sociedade ou uma fonte de renda, passando a ser também um valioso campo experimental em minha vida.
Impulsividade e seus efeitos no econômico
Outra forma de crescer financeiramente, que vai além de aumentar os ganhos salariais, é o corte de certos gastos impulsivos.
Um amigo contou que certa vez foi ao shopping simplesmente para passear, mas, movido pela impulsividade, acabou comprando uma televisão gigante, sem que necessitasse ou planejasse.
Eis um claro exemplo da impulsividade atentando contra o nosso lado econômico. Por vezes aparece em uma compra por impulso, outras criando compromissos sociais desnecessários.
Refletindo se esta impulsividade também me influenciava, concluí que quase nunca. Por quê? Por causa de uma vivência quando criança.
Toda vez que ganhava algum dinheiro, corria para aquelas lojas de brinquedos de um real para gastar tudo. Certa vez, minha avó me disse: “Se você guardar seu dinheiro, você pode juntar e comprar aqueles outros brinquedos mais caros e mais legais”.
Como num passe de mágica, nasceu um pensamento de contenção em mim que carrego até hoje, às vezes usando-o em excesso, outras afrouxando-o e gastando mais do que gostaria. Mas, nessa busca pelo equilíbrio, percebo o valor da contenção e constato que ela pode — e deve — ser ensinada desde a infância.
Voltando à história do meu amigo, ele me contou que estudou sobre a contenção e começou a cultivá-la, muito o ajudando a evitar gastos financeiros desnecessários.
A importância do crédito moral
Existe um resultado mais sutil — mas não menos importante —, que é o crédito moral que vamos recebendo conforme inspiramos confiança através de uma conduta acertada.
No meio profissional, tenho percebido que a confiança é tão importante quanto a capacidade de realização de trabalho. E, nos últimos anos, mudanças de conduta me têm favorecido o crescimento na carreira.
Um exemplo disso foi a oportunidade que recebi de liderar uma área da empresa. Mais do que os resultados que eu apresentava, meu chefe me confiou aquele cargo por constatar minha capacidade de gerir a equipe conforme a cultura e os valores da empresa.
E sei que venho conquistando esses valores aos poucos com meus estudos. Ao mesmo tempo, comparo o “meu eu” de antes, estando certo de que, sem esses conhecimentos, não teria conseguido essas mudanças que me permitiram conquistar a confiança do meu chefe. Cada vez mais vão ficando para trás os preconceitos e erros que prejudicavam o meu relacionamento no ambiente profissional.
Conclusão – Resultados da Logosofia na própria vida
Caro leitor, escrevi este artigo para compartilhar um pouco do bem que eu e os milhares de estudantes e docentes de Logosofia temos desfrutado com esta ciência.
Espero que algum dos relatos tenha inspirado em você nobres propósitos de conhecer esse maravilhoso mundo que temos dentro de nós e de oferecer essa oportunidade à humanidade.
Se alguma das perguntas feitas tocou mais fundo, não deixe ela morrer. Se temos a capacidade mental de formular perguntas, também temos a de descobrir as respostas, e venho entendendo que isso faz parte do porquê fomos criados.
Caso queira experimentar um pouco do bem relatado até aqui, convido-o a solicitar um curso gratuito de Logosofia. Para isso, é só mandar uma mensagem no Instagram @logosofiabr ou entrar em contato com uma das sedes culturais da Fundação Logosófica. Será uma alegria atendê-lo.
Escrever este artigo foi uma enorme oportunidade para mim. Pude reviver diversas experiências, conhecer os relatos de outros docentes de Logosofia e fazer até algumas descobertas sobre mim mesmo! O próprio processo de escrever um artigo como este também é uma oportunidade de aprendizado.
Espero sinceramente que, assim como foi para mim, também tenha sido uma oportunidade para você.
Afetuosamente
Vinícius Chacon