O que ocorre conosco quando temos tempo livre? O que acontece em nosso dia a dia quando não há preocupações de nenhuma ordem nos exigindo uma pronta solução? Como fica a mente de um adolescente quando quer iniciar um namoro? O que se passa na vida de um casal nos momentos que sucedem à notícia de que em alguns meses serão pais?

Em todas estas situações existem imagens em ação. Imagens que se movem dentro da mente e que insistem em levar e trazer todo tipo de possibilidades. Para nós, seres humanos dotados desse recurso chamado imaginação, não é difícil nos vermos a imaginar diversas coisas: o que faríamos se ganhássemos na Mega-Sena, como seria o dia em que o time do coração fosse campeão, ou, ainda, como estará o mundo daqui a 100 anos. Nos mais jovens, as imagens sobre o parceiro ideal, com seus atributos físicos e suas qualidades também ocorrem sem muitos freios.

Construir imagens mentalmente parece ser facilmente realizado por todos. Entretanto, o mesmo não se pode dizer em relação a pensar, observar, intuir ou refletir. Estes também são importantes recursos da mente que deveriam ser igualmente, ou até mesmo em maior intensidade, utilizados por nós. A Logosofia nomeia esses recursos como faculdades mentais e define claramente a função que cada uma deve exercer.

É muito comum perceber que as crianças, ainda bem novinhas, são constantemente estimuladas a fazer uso da imaginação. Vale lembrar que esta faculdade da inteligência, para a Logosofia, tem um papel importantíssimo nessa fase da vida: a de proteger a criança. A grande questão é que a imaginação infantil recebe, sem necessidade, estímulos artificiais criados, muitas vezes, pelo adulto.

Se deixássemos as coisas fluírem naturalmente, de acordo com a natureza infantil, presenciaríamos cenas de sublime beleza como um menininho brincando de bombeiro e motorista, e a menininha embalando sua boneca, como se fosse uma mãezinha, ou imitando uma professora! Porém, o que assistimos é muito diferente: as histórias e programas infantis, em sua maioria, exploram este universo de forma pouco instrutiva e talvez até destrutiva.

Pode haver algum mal no estímulo à imaginação? O que isso pode causar na vida de uma pessoa? Imaginar faz mal?

De forma análoga, se pensarmos em uma pessoa que se propõe a exercitar-se em uma academia de ginástica, o que acontecerá se ela dedicar seus esforços à realização de exercícios que atendam exclusivamente a um grupo de músculos? Dentro de alguns meses, será fácil ver uma desproporção em seu desenvolvimento muscular. Certos músculos estarão hipertrofiados, enquanto outros se manterão da mesma forma de quando se iniciaram os exercícios.

De forma semelhante ocorre com o desenvolvimento das faculdades da mente. Se somente uma delas for exercitada, as demais não terão condições de cumprirem com o seu papel. No caso de uma criança, ao crescer poderá tornar-se um adulto extremamente imaginativo, mas com dificuldade de fazer uso de sua reflexão, da observação ou do pensar. Não estará, assim, usufruindo as prerrogativas que têm sua inteligência.

Para a ciência logosófica, a inteligência significa o uso e o desenvolvimento harmônico de todas as faculdades mentais. Assim, oferecer à infância a possibilidade de desenvolver, em igualdade de condições, estas faculdades, traz uma perspectiva de formarmos pessoas mais capazes, mais bem preparadas e, certamente, mais felizes.

Trabalhando de forma conjunta e integradas, as faculdades da inteligência podem realizar muito mais na vida de um ser; neste caso, recomenda-se uma ginástica mental equilibrada, sabendo atribuir em cada exercício o peso proporcional ao desenvolvimento de cada recurso.