O tempo cura tudo, é preciso dar tempo ao tempo, já diziam os antigos! Estranho pensar que o tempo tem o poder de apagar, corrigir ou tamponar as coisas — e que, ainda, tanto pode retificar alguma falha, quanto transformar algum episódio vivido. Mas será assim mesmo?

Há também quem pense no tempo como alguma forma de distração, alguma coisa consumível que está à sua frente e da qual se deve livrar rapidamente, atirando-se — ou arrastando-se — em alguma atividade que tenha por único, e principal objetivo, passar o tempo.

Se apurarmos nosso olhar e nossa percepção, observaremos que o tempo tudo perpassa e, onipresente, não é exclusivo desse ou daquele indivíduo. Pensar que o tempo vai passar de qualquer jeito, sempre me causou certo desconforto. Desperdiçar o tempo, abandonar-me aos ventos incertos do acaso e da sorte não me pareciam, desde há muito, a melhor opção para se levar a vida. Já que o tempo iria passar mesmo, que me encontrasse mais à frente com planos e projetos iniciados ou mesmo executados. Foi assim que pude, por exemplo, na juventude, implementar uma mudança completa na escolha da atividade profissional que iria abraçar.

Quando se é mais novo, parece que podemos fazer de tudo, que há tempo para tudo. Por que então não fazer de tudo quando se é jovem pensando no que queremos plantar para nosso futuro? Tenho aprendido com a Logosofia que uma das dimensões do tempo é a interna — a mental. O tempo pode ser dilatado e ampliado indefinidamente, na medida da capacidade, do esforço e do conhecimento que cada um vai adquirindo. O que antes eu levava horas para fazer, consigo realizar em uma fração muito menor. O que anteriormente parecia inexecutável, passa a ser realizável quando divido, no tempo, as etapas de execução. Como assim? pode estar se perguntando o leitor. Como multiplicar as horas do dia, se os astros não imprimem velocidade diferente, obedecendo ao meu desejo ou à minha necessidade? O tempo não passa igual para todos os seres?

González Pecotche, pensador argentino, ensina que todo tempo é bom quando nos ocupamos em superar o que sabemos. O tempo que dedico ao meu autoconhecimento, a procurar me lapidar aparando minhas (não poucas) arestas, é o melhor tempo do mundo, o melhor e maior investimento que tenho feito. Tudo o mais será beneficiado com esse conhecimento — já que serei eu mesma a atuar nos diversos campos da minha vida, sempre buscando o aperfeiçoamento. E, conhecimento que não se aplica, perde-se. Daí porque o estudo da Logosofia
ultrapassa o campo da mera ilustração: estuda-se o que se vive e vive-se o que se estuda!

Quer melhor conceito para tudo isso do que tempo é vida?