Durante muitos anos, eu levei a vida ao sabor do acaso. A conhecida frase “deixa a vida me levar” era o meu lema. Não tinha planos definidos, não estabelecia metas. Além disto, por hábito, fugia das dificuldades. Queria, sempre, viver o mais fácil.

Logo que iniciei os estudos de Logosofia, entrei em contato com dois conceitos que despertaram muito a minha atenção, já que eram fundamentais para atingir o meu objetivo de vida, na época: me tornar um ser humano melhor.

O primeiro deles foi o conceito de que tempo é vida e que o aproveitamento do tempo caminha paralelamente com a função de pensar. Será que eu não pensava? Eu não sabia pensar? Minha sensibilidade logo se manifestou sinalizando que esta era uma verdade inquestionável e que eu precisava, urgentemente, rever minha conduta em relação ao tempo, ou seja, rever a minha própria vida. Entendi que, se estou perdendo tempo, estou na realidade desperdiçando vida, matando-a e não apenas “matando o tempo”, como costumamos dizer.

Com o estudo deste novo conceito, percebi que, há muito, postergava importantes iniciativas. Algumas reflexões me fizeram descobrir as causas de tal comportamento e, como nos ensina Carlos Bernardo González Pecotche, quando identificamos as causas, a tão ansiada solução se torna visível e realizável.

Encaminhando Propósitos

Deste modo, em apenas seis meses, consegui dar início a três projetos que há muito existiam apenas no meu campo mental. Diante de tais iniciativas, restava, ainda, aprender como levá-los a uma feliz culminação, pois como sabemos não basta começar um projeto para que o mesmo se concretize. Quantos bons propósitos não vemos morrer, todos os dias, mesmo após terem sido iniciados? Assim, num curto espaço de tempo, consegui realizar dois deles, o que me proporcionou muito entusiasmo.

Porém ainda existia um terceiro, que era o de cursar o Mestrado em Planejamento Urbano, o que iria exigir muito mais do que a simples iniciativa de começá-lo. Após muito estudo e empenho, fui aprovada. Ao mesmo tempo, porém, surgiu um fato em minha vida pessoal que muito me entristeceu e que, no meu entendimento, deveria ser solucionado o mais breve possível. Eu queria me livrar, rapidamente, de uma circunstância que muito me afligia. Nesta época, eu já estava na fase final do curso, no momento em que começava a dar forma à minha dissertação de mestrado.

A solução daquele problema demandava uma série de novas iniciativas que me exigiriam tempo e muito esforço mental. Era necessário travar uma luta constante contra uma série de pensamentos que passaram a habitar a minha mente como, por exemplo: temor, culpa e incompetência. Eu sabia que a luta não seria nada fácil. Desta forma, comecei a realizar as duas tarefas paralelamente: escrever a dissertação e tomar todas as providências para resolver a questão de cunho pessoal.

Enfrentando Dificuldades

A minha orientadora, pessoa a quem me vinculei afetivamente, perguntava: o que é mais importante para você? O problema pessoal, que poderá resolver em qualquer outro momento, ou escrever a dissertação e defendê-la? A decisão que vier a tomar poderá levá-la a perder a oportunidade de concluir um mestrado que você tanto se esforçou para realizar. Diante de tantos pensamentos contraditórios, passei a refletir sobre a hierarquia de meus propósitos.

Recordei os ensinamentos sobre a paciência ativa e inteligente, um segundo conceito que aprendi e precisava cultivar. Pensei: não seria, este momento, uma grande oportunidade para praticar esta virtude?

Entendi, então, que os ensinamentos devem ser praticados para que possamos adquirir o verdadeiro saber, aquele que advém do ensinamento vivido e comprovado. Um saber que se traduz em conhecimento somente quando passa a integrar o nosso acervo hereditário, ou seja, a consciência individual.

Assim, lancei para mim o desafio de praticar a paciência ativa e inteligente para poder conciliar a concretização dos dois propósitos que, até então, se apresentavam como de difícil realização. Reuni alguns ensinamentos e passei a estudá-los.

Questionamentos me ocorriam:

  • Como acalmar os pensamentos de pressa e ansiedade?
  • Como serenar a mente?
  • Como conciliar tantas dúvidas com algumas pequenas certezas?
  • Como me organizar mentalmente para ser capaz de escrever uma dissertação de mestrado, vivenciando uma realidade interna tão conflitiva?
  • Como resolver questões tão complexas de forma sensata e equilibrada?
  • Como colocar os problemas pessoais em segundo plano?
  • Como admitir que, naquele momento, eu não tinha conhecimento suficiente para resolver meus problemas pessoais e, por isso, eles deveriam aguardar um tempo até eu ter condições mentais e sensíveis para solucioná-los?

Pois bem, os ensinamentos logosóficos, que são agentes ativos, forças construtivas que nos auxiliam a pensar de forma consciente, me proporcionaram as condições necessárias para que eu pudesse observar, refletir e serenar minha mente. Além disso, me possibilitaram discernir sobre como agir, de forma a apresentar a dissertação, dentro do prazo estipulado e, ao mesmo tempo, acalmar os pensamentos de pressa e impaciência sobre a solução das questões pessoais.

Os ensinamentos logosóficos, que são agentes ativos, forças construtivas que nos auxiliam a pensar de forma consciente, me proporcionaram as condições necessárias para que eu pudesse observar, refletir e serenar minha mente

Conquistando o Tempo

Saber esperar o momento oportuno para tomar algumas decisões é um conhecimento fundamental. Aprender a não colocar a vida dentro dos problemas e sim os problemas dentro da vida é uma chave que nos possibilita abrir as portas da reflexão e do entendimento para aumentarmos nosso percentual de acerto.

Trabalhei arduamente durante meses e, quando pensamentos negativos apareciam, tentando desviar minha atenção, eu já conseguia contrapô-los com argumentos sólidos, pois estavam embasados em convicções inquestionáveis.

Eu fui a primeira aluna a apresentar a dissertação. Quanta alegria, quanto entusiasmo, quanta gratidão por haver aprendido a silenciar alguns pensamentos e, ao mesmo tempo criar outros que, ao se oporem aos primeiros, venceram a luta mental, me possibilitando a tranquilidade necessária para que eu pudesse atuar de forma acertada.

Agora, sim, eu poderia resolver a questão pessoal que tanto me afligia inicialmente. Como esta dependia de muitas resoluções que não podiam ser tomadas intempestivamente, o tempo de espera foi fundamental para que eu pudesse, de forma sensata e equilibrada, tomar as providências necessárias.

Como resultado de todo este aprendizado, após a conclusão do curso de mestrado consegui dar um novo rumo a minha vida. Vencidas todas as batalhas, acalmados todos os pensamentos negativos, ficou a convicção de que saber esperar, apesar de ser uma prerrogativa humana, é uma condição ainda muito difícil de ser conquistada face aos inúmeros pensamentos de pressa e de impaciência dos quais precisamos nos libertar.

Recordo-me, sempre, deste episódio procurando manter viva dentro de mim, toda essa experiência, pois só assim conseguirei reproduzi-la, quando se fizer necessário.

Por todo o vivido, afirmo que sou eternamente grata à Logosofia pela grande oportunidade de poder viver e evoluir conscientemente, com o auxílio e sob a orientação de seus ensinamentos.