Pensar e ter pensamentos significam a mesma coisa?
Segundo a concepção logosófica, todo ser humano tem um sistema mental, composto pelas seguintes partes:
- A mente e suas faculdades, como a de refletir, imaginar, recordar, observar, pensar, etc.
- Os pensamentos.
Nesse sentido, a mente pode produzir uma série de elementos psicológicos com funções diferentes para o indivíduo, por meio dessas faculdades específicas.
A de refletir gera uma reflexão, a de recordar cria uma recordação e a de pensar, por exemplo, dá origem a um pensamento.
A grande questão é: todos os pensamentos que habitam a minha mente foram gerados pelo meu próprio ato de pensar? Ou foram produzidos por outras mentes?
Partindo da compreensão de que o ato de pensar é diferente de ter pensamentos na mente, se abrem muitas possibilidades de mudança de comportamento para o indivíduo.
Um efeito será a busca por gerar os próprios pensamentos de forma consciente, fortalecendo a faculdade de pensar.
O segundo resultado será o esforço de detectar quais pensamentos estão na própria mente mas foram gerados pelas mentes de outras pessoas.
Neste momento você pode se perguntar: como vou criar um pensamento totalmente original, que ninguém mais no mundo teve?
Aqui vem outro aspecto interessante. Um dos resultados do ato de pensar é justamente a criação de pensamentos capazes de solucionar problemas ou realizar iniciativas.
Um desses pensamentos pode ter sido praticado por outras pessoas no passado ou no presente, mas ao adicioná-lo à minha vida após um processo movido pelo meu esforço de pensar, estou criando esse pensamento em mim mesmo, tornando-o próprio.
Para ilustrar, volto ao exemplo do adolescente “mão-fechada” que fui.
Eu escutei de muitas pessoas que deveria mudar aquele comportamento, buscando um equilíbrio maior no manejo das finanças, mas a transformação não aconteceu simplesmente por receber pensamentos de outros — até mesmo porque eu recusava os conselhos.
Ela surgiu na minha mente, quando coloquei em ação a faculdade de pensar com foco nos equívocos que eu cometia pela rigidez na relação com o dinheiro, um movimento que deu origem ao pensamento de ter uma postura mais flexível.
Quais tipos de pensamentos existem?
A Logosofia ensina a classificar os pensamentos de acordo com os critérios de:
- origem: os próprios e os alheios;
- valor: os positivos, negativos ou inúteis;
- natureza: os autônomos e os dependentes da inteligência e da vontade;
- área mental de influência sobre a vida: os intermitentes, os dominantes e os obsessivos.
Há também pensamentos com funções e traços determinados:
- Pensamentos-deficiência: são negativos e adquirem diferentes níveis de influência sobre o comportamento. Ex: rigidez, impaciência, intolerância, egoísmo, etc. O autor da Logosofia escreveu um livro inteiro sobre os pensamentos-deficiência.
- Pensamentos-propósito: consistem em projetos e iniciativas que o ser queira realizar. Ex: cultivar uma vocação, formar uma família, etc.
- Pensamentos-conhecimentos: aqueles que representam o saber adquirido em um campo e aos quais o ser recorre em suas atividades. Ex: escrever um artigo, realizar um atendimento médico, analisar um relatório, etc.
- Defesas mentais: pensamentos que podem ser criados para lidar com circunstâncias adversas de forma serena. Ex: o pensamento de adaptabilidade pode ser acionado como uma defesa para quando me irritar por uma mudança necessária, como quando ocorre um imprevisto em um plano de viagem que fiz para as férias.
Outro pensamento que merece uma menção honrosa por sua importância é o que a Logosofia denomina “pensamento-autoridade”.
Ao ser instituído pelo indivíduo na mente, exerce a função de recordá-lo constantemente de que está realizando um processo de evolução, que deve ser feito de forma consciente.
Assim, ajuda a evitar qualquer possibilidade de especulação ou desvio no uso dos conhecimentos que vai adquirindo. O mantém atento ao que se passa dentro e fora de si mesmo, permitindo extrair de cada circunstância um elemento útil ao objetivo do próprio aperfeiçoamento.
Como resultado, o pensamento-autoridade coloca ordem na mente, guiando seus movimentos na direção do aperfeiçoamento buscado pelo ser.
Mas qual é a finalidade de conhecer cada tipo de pensamento?
Ao mapear as características dos pensamentos que identifica dentro de si, o indivíduo pode ter clareza sobre quais merecem ser fortalecidos e quais deveriam ser debilitados até deixarem de frequentar a própria casa mental.
A classificação dos pensamentos permite, portanto, que cada um faça um estudo constante de sua psicologia, para ser melhor que si mesmo a cada dia, corrigindo as tendências negativas encontradas.
Nesse processo, também se coloca em condições de fazer o bem ao semelhante, porque passa a reconhecer as forças psicológicas construtivas com as quais já conta.
O grande desafio é criar uma predisposição real a evoluir, pois do contrário o risco de se enganar na hora de detectar os pensamentos que atuam na mente é grande.
Digo isso por experiência própria.
Eu atribuía as primeiras imperfeições que identifiquei às pessoas que conviviam comigo, afirmando que elas me irritavam, por exemplo, sem reconhecer que na verdade eu deixava que o pensamento de irritabilidade me desequilibrasse!
Afirmo também que esses movimentos mentais não são cansativos, apesar de exigirem atenção e esforço. Pelo contrário, geram muitas energias que antes eram perdidas com a infrutífera tentativa de mudar o outro e buscar as causas dos problemas fora de mim!
A estudante de Logosofia Sônia Almeida viveu uma experiência parecida com a minha ao conhecer este novo conceito de pensamentos, como ela conta no seguinte vídeo: