Trocando-se os pensamentos renova-se a vida?

Partindo do princípio logosófico de que pensamentos são entidades autônomas que habitam nossa mente, e que a causa de tudo tem origem na mesma, tal reflexão faz sentido. 

Já ouvi muitas vezes o ditado popular “pau que nasce torto, morre torto”. Até pouco tempo, fazia sentido para mim. Entretanto, hoje, pensando com lógica, acrescentaria ao final dele: “…morre torto, se quiser”. Se não fizermos nada para mudar o estado interno em que nos encontramos, não mudaremos. Mas, se optarmos por querer cambiar, há um caminho. 

Numa noite de sexta-feira, daquelas de verão, propícia para sair com os amigos, estava eu aguardando minha irmã chegar com o carro que lhe havia emprestado. O horário que havíamos combinado se aproximava, e eu já estava pronto. A hora marcada chegou, mas ela não. Passou mais algum tempo, e nada de ela aparecer. Vários pensamentos passaram a agitar minha mente, um deles, de irritabilidade. Quando ela chegou, justificou que teve que trabalhar até mais tarde, mas eu não quis saber das explicações e reagi negativamente, gerando uma pequena discussão.

Ao entrar no carro e começar a dirigir, me senti mal por ter reagido daquela forma. Fiquei triste. Triste por não ter governado a mim mesmo naquele momento. Não queria ter causado aquele mal estarEntão por que o fiz?   

Mas…

Felizmente o desfecho contado acima aconteceu somente dentro de minha imaginação, e em pouquíssimos segundos. Eu realmente fiquei um pouco irritado com o atraso, mas, pouco antes de minha irmã chegar, pensei comigo: “Estou querendo ser melhor ou não?”.

Recordei do afeto que tenho por ela, que sempre se esforça para colaborar comigo, e de que eu também já havia me atrasado em outras ocasiões.  

Quando finalmente ela chegou, minha reação lhe foi totalmente inesperada, pois ela esperava que eu estivesse irritado. Ao invés disso, a surpreendi com um forte abraço. Ela até perguntou o que havia acontecido.

Respondi que não tinha acontecido nada, mas, internamente, vibrava por ter agido de acordo com o meu querer, meu sentir e meu propósito de ser um ser humano melhor a cada dia.  

A vivência que contei descreve uma feliz atitude que compactua com o objetivo de me aperfeiçoar. Nessa situação, atuei conforme minha própria vontade. Porém, observando outras circunstâncias, quantas são as vezes em que agimos de formas que nos tiram o governo de nós mesmos? Quando isso ocorre, estão extintas as possibilidades de ser mais feliz?  

Geralmente, nada fazemos para extrair das experiências negativas os elementos que faltaram para obter êxito nas próximas atuações. Comumente nos limitamos à forma empírica de tentativa e erro. E seguimos errando. Sem a devida análise necessária, sem um plano, um método. 

“Uma vida pode ser mudada por outra, bastando apenas querer. O homem que, por própria vontade, se desprende de seus velhos e desgastados hábitos, tecidos com preconceitos ou intenções obliquas, mesquinhas, fechadas a todo discernimento; o homem que se despe de vestes tão embaraçosas para adotar os valiosos e indestrutíveis trajes de uma concepção superior que transforme fundamentalmente seu modo de ser e, portanto, seu ser mesmo, este homem acaso não abandona a vida que estava vivendo para renascer em outra?” (Da Sabedoria Logosófica) 

O trecho acima, retirado de um dos livros de Logosofia, auxilia a responder a pergunta com que inicio o presente artigo.  

Para governar a si mesmo, primeiramente é preciso conhecer quem e o que devo governar, quem é parte integrante deste governo. Tenho comprovado que esse caminho se percorre internamente, a partir do conhecimento de si mesmo. 

Eu me conheço internamente? Conheço os recursos que possuo? Deixo o convite ao leitor, para que se faça uma formal e sincera autoapresentação. Que não sejamos simples desconhecidos para nós mesmos, e sim, que sejamos lembrados como homens e mulheres que souberam pensar e sentir, sabendo por que o fazem.