Muito se fala sobre o respeito que devemos ter para com a criança. Políticas públicas são propostas, em profusão, nas áreas educacionais, sociais e políticas, visando assegurar direitos básicos, como a vida, educação, saúde, cultura e outros — além de inúmeros estudos realizados na esfera educacional com objetivos de compreender o desenvolvimento e características do modo de pensar e agir na infância.

Moro em um bairro tradicional de Belo Horizonte e sou vizinha de uma escola, considerada a melhor do bairro, que recebe crianças de 2 a 10 anos. Chamou-me a atenção o tipo de música que a escola colocava para as crianças nos momentos de pátio, com letras inapropriadas e muito depreciativas.

Fiquei me perguntando: será que essas crianças gostam mesmo dessas músicas? A escola tem alguma proposta pedagógica ao colocá-las em contato com essas letras que nada agregam ao universo infantil? Tais músicas agradam mais às crianças ou às professoras? Nada contra o estilo ou as pessoas que gostem desse gênero musical, mas certamente ele não foi criado para atender às demandas pedagógicas de crianças nessas idades. A integridade moral delas está sendo respeitada?

Se desde tão pequenas as crianças estão imersas em ambientes — principalmente educacionais — com estímulos do mundo adulto, e não com os naturais à infância, essa fase tão curta e tão sublime terá um significado mínimo na sua formação.

A Pedagogia Logosófica sobre a criança

A Pedagogia Logosófica encara a mente infantil como sendo uma terra virgem e fértil. Ou seja, tudo o que nela se planta, germina e dá frutos com grande facilidade. Portanto, devemos nos perguntar: que sementes temos escolhido para cultivar nessas mentes? Que tipos de seres queremos formar para o futuro?

A escola deve ser um lugar de produção e de transmissão da cultura. Os educadores têm o dever moral de propiciar às crianças e adolescentes conhecimentos que libertem suas mentes para o exercício pleno e a formação ampla de sua inteligência. É a capacidade de pensar que torna o ser humano livre. Pensar é também observar e refletir a respeito daquilo que se aprende.

É sabido que os saberes são produzidos com o confronto de ideias entre os pares, por meio da problematização do que se recebe, das vivências que se tem com o que é aprendido. Nesse processo de aprendizagem, a criança também é formada em suas dimensões moral e espiritual.

Deixo um convite para nós, educadores, pais e sociedade: pensemos nos direitos morais da criança, além dos básicos. Escolhamos as melhores formas de transmitir uma prática social, quer seja a música, a dança, os gestos e todas as linguagens. Que nenhuma delas fira o desenvolvimento da trajetória infantil, para que a criança de hoje e o adulto do futuro, seja um ser capaz de definir com consciência seus próprios gostos e afinidades.