A importância de unir a mente ao coração
O autor buscou cultivar a unidade entre a mente e o coração, buscando proteger o propósito de viver uma experiência profissional com seus familiares.
Certo dia, conversando com minha filha de três anos sobre o seu dia na escola, ela me disse que havia arrumado um namoradinho. Fiquei surpresa com a resposta, considerando sua tão pouca idade, e indaguei o que seria um namorado? Mas não respondeu a minha pergunta, apenas disse que ela e uma coleguinha eram namoradas de um menininho de sua sala.
Refleti sobre a situação: seria importante uma intervenção; era apenas coisa de criança; ou seria importante ajudá-la, mostrando a importância das defesas mentais e ensinando-a a pensar?
Na minha avaliação, minha filha fora influenciada pelo pensamento da coleguinha: era importante ter um namorado. E resolvi, assim, encaminhar a situação e não, simplesmente, “deixar pra lá”. Expliquei a ela que o namoro era uma parte muito linda, boa e importante na vida das pessoas. Mas acontecia na juventude e na idade adulta. Na infância, que era a fase que ela estava, era muito importante ter amigos — e todos deveriam ser muito queridos.
Reforcei que a amizade cultivada com a sua turma poderia durar por muitos anos e que ela teria os amiguinhos para brincar, para convidar para festas e aniversários, para ir ao parque correr, pular corda, brincar… fui falando tudo de que me lembrava que ela gosta de fazer na escola.
Um tempo depois, conversando com uma pediatra, ela me disse que o período da infância estava encurtando, e que, cada vez mais, chegavam ao seu consultório crianças de quatro a seis anos com quase todos os dentes de leite trocados, fato que antes somente ocorria a partir dos sete anos. Relatou-me também que as meninas estavam ficando mocinhas mais cedo e deixando os brinquedos de lado, muito precocemente. Recordei o meu tempo de infância, no qual até os 15 anos brincava de boneca e casinha. Talvez, nos dias de hoje, isso possa ser considerado um problema. O que poderiam pensar sobre uma menina de 15 anos ainda brincando de boneca?
Continuei minhas reflexões, unindo a vivência com a minha filha e a conversa com a médica. Quais seriam os fatores responsáveis por “encurtar a infância”? Seriam estímulos incompatíveis com a idade, programas de televisão e da internet, músicas sem seleção prévia e criteriosa dos pais, brinquedos impróprios às várias etapas da infância, abandono, excessos? O que mais?
Pensando nos fatores acima citados e nos estímulos que me esforço para oferecer aos meus três filhos, recordei de uma situação em que encontrei uma ex-colega de trabalho que, vendo a minha filha, disse:
– Que menina linda! Você já tem namorado?
Rapidamente, a pequena respondeu:
– Não, isso ainda vai demorar muito, não é, mamãe?
Sua resposta me fez pensar que devemos familiarizar a criança com sua própria realidade. Nossos filhos estão sujeitos a situações que fazem com que determinadas etapas sejam antecipadas, estimulando-os a se comportarem como adultos ou a terem pensamentos da vida adulta, fora de hora e de contexto.
Pais e educadores, na medida do possível, devem preparar as crianças para vivenciar sua infância da melhor forma, preservando ao máximo sua inocência e pureza. O trabalho a ser feito é grande, mas, com convicção e perseverança, vamos plantando sementes lindas na mente infantil e, assim, proporcionando que essa linda fase seja plena, feliz e como ela deve ser: querida ao nosso sentir!