Uma recomendação que ouvimos com muita frequência é a de aproveitar ao máximo a infância dos filhos, pois ela passa muito rápido. Recentemente, ao rever fotos dos meus, agora com sete anos, me assustei com o crescimento deles. Há pouco, estavam começando a andar, a falar e agora já fazem perguntas difíceis.

Sendo assim, tenho procurado desfrutar, com mais consciência possível, o tempo que passo com eles. Como são trigêmeos, o desafio é ainda maior, pois vivem simultaneamente as mesmas fases da vida. Quando os filhos são de idades distintas, o que se deixou de viver com o mais velho poderá ser desfrutado com os mais novos, o que não ocorre no meu caso.

Sou professor universitário e pequeno empresário, com atividades que se estendem além do ambiente de trabalho. Durante a semana, minha jornada profissional ocupa os três turnos.

Há dias em que somente convivo com os meus filhos durante o preparo e percurso a pé para a escola. Vamos de mãos dadas, conversando sobre a vida escolar. Ao segurar as mãozinhas de meus pequenos, tenho consciência de que sentirei falta desses instantes…

Assim, procuro fazer dos momentos que passo com eles os mais agradáveis, para termos felizes recordações e cultivar um bom vínculo e, consequentemente, uma relação de confiança, que será fundamental na adolescência e na idade adulta.

Minha esposa é médica e trabalha em alguns finais de semana. Nessas ocasiões, fico sozinho com as crianças, com demandas da casa e da profissão para atender. Procuro, então, conciliar as diferentes necessidades e ainda conduzir bem as situações com meus filhos, que demandam minha atenção. Às vezes, mesmo sentindo-me cansado, me esforço para controlar minhas reações de impaciência e pressa.

Certa vez, ao ver uma senhora que lia um jornal calmamente, confesso que senti uma pontinha de inveja, pois era algo que eu dificilmente conseguia fazer. Mas, refletindo um pouco, logo me dei conta de que eu não trocaria a convivência intensa com meus filhos por aquela leitura tranquila. De jeito nenhum!

Tento identificar o estado de ânimo dos filhos para saber conciliá-los com meus compromissos. Por exemplo, quando as crianças estão mais agitadas, sei que não poderei realizar tarefas que exigem maior concentração, como preparar uma aula. Assim, tenho que unir o esforço à inteligência para escolher, entre as necessidades, uma atividade em que eles possam me acompanhar.

Certa vez, levei-os comigo para trocar os pneus do carro. Eles adoraram ver o carro no alto. Explico, nessas situações, que para poderem me acompanhar, precisam ser obedientes, e isso costuma estimulá-los a cultivar a obediência.

Ir ao supermercado também faz parte de nossa rotina. Adoram andar no carrinho e aprender sobre o que está nas prateleiras. Às vezes, a tarefa de passar pelo caixa, que poderia ser motivo de impaciência, se torna oportunidade de sentir ternura pelos pequenos, ao receber a ajuda deles para retirar as compras do carrinho e colocá-las na esteira.

Na medida do possível, não recuso tais ajudas e procuro não desestimular iniciativas, como a de auxiliar na cozinha. Dou a eles tarefas como a de preparar tempero no pilão, buscar ingredientes, amassar o pão, etc.

Enquanto trabalhamos juntos na cozinha, aproveito para fazer reflexões com eles sobre o valor do trabalho dos pais para podermos ter aquelas compras e desfrutar de um prato gostoso. É uma tentativa de ensinar a eles o sentimento de gratidão.

Em busca de possibilidades de aprendizado, procuramos, minha esposa e eu, colocá-los em contato com a natureza. Além de passeios em espaços verdes, outra possibilidade é a pequena horta na varandinha do apartamento, mantida com a participação deles.

Além de ser uma atividade saudável e saborosa, podem perceber o resultado de seu esforço. Riem bastante quando uma minhoca pula nas suas mãos. O nascimento de um morango ou de um tomate é uma chance para aprender a dividir.

Entre muitas outras, recordo uma ocasião em que voltava da faculdade, tarde da noite, com um pacote de provas que tinha acabado de aplicar e tive que passar na farmácia. Refleti sobre a vida de um “pai-professor”: em uma mão um pacote de provas; e, na outra, um de fraldas.

Assim, em meio às tarefas do dia a dia, vivo intensamente a vida de pai, procurando observar, sentir, conciliar e equilibrar.