Tenho cada vez mais encontrado, nas minhas observações da sociedade atual, evidências de que há algo errado, de que em algum momento a humanidade perdeu a linha-guia de seu processo e ficou refém de agentes que nem sempre querem o bem e a evolução.

Uma vez, ao enfrentar uma difícil luta em minha vida, eu me deparei com uma imagem que havia se formado em minha mente. Via um forte rio turbulento e cheio de correntezas, no qual as pessoas estavam sendo absorvidas, sobrevivendo entre a vida e o afogamento. Estavam sendo levadas por essa correnteza turbulenta, que é a vida inconsciente, deixando-se governar por pensamentos-massa, por demandas da vida comum, e acabavam se colocando em uma posição na qual não conseguiam ver além daquelas águas do rio. Não conseguiam compreender o porquê de sua vida e como direcioná-la aos caminhos acertados e superiores.

Nessa situação difícil em que vivia, eu me encontrei imersa em todo esse caos, abraçando mais coisas do que conseguia e com muitas preocupações que nem sequer eram minhas. Seguia cegamente o caminho daquele rio e, como as outras pessoas, estava entre a vida e o afogamento, com aquela quantidade de demandas, preocupações e ansiedades para as quais estava direcionando minhas energias.

Ao fazer essa análise, recobrei a consciência que em algum momento havia perdido e me vi, mesmo que por algum tempo, sentada na beirada daquele rio, sentindo a serena alegria de quem percebe que a vida vai muito além daquelas demandas e padrões que estava procurando atender. Senti como se tivesse voltado a mim mesma, voltado a me escutar, entendendo o que realmente queria para minha vida e quais daqueles problemas eram realmente meus. Fiquei me perguntando como poderia fazer para sempre estar naquela posição de serenidade, de onde podia visualizar com clareza o que a humanidade não estava vendo, e como podia levar essa clareza a outras pessoas.

Com o estudo logosóficos, aprendi que isso faz parte do processo de humanização do homem. Parece redundante, mas é o processo de retornarmos a nós mesmos, buscando uma constante evolução e superação, que impacta positivamente na sociedade em que vivemos.

Humanizar é buscar dentro de nós e por meio de conhecimentos superiores, que vão além do que aprendemos na vida cotidiana, o porquê da nossa existência, ou seja, o que estamos fazendo aqui. Humanizar é basicamente procurar as características humanas mais puras e voltadas para o bem que habitam dentro de nós e têm sido olvidadas, substituídas por preocupações meramente materiais. É um processo necessário, visto o atual cenário caótico em que está o mundo, refletindo o caos que habita na mente dos homens. Afinal, como pode o homem bem conduzir sua vida se não sabe e nem procura saber os reais objetivos de sua existência?

O processo de humanização, que deve ser realizado dentro de nós e expandido para o mundo, envolve diversas virtudes e pensamentos que devemos aprender a cultivar e ter por perto.

Primeiramente, deve ser ressaltado que é um processo que, com os devidos conhecimentos e esforços, nos auxilia a sermos seres melhores ao preconizar a presença da consciência em todos os momentos da vida. Dessa maneira, podemos atuar sempre com o que temos de melhor e buscar instrumentos que nos auxiliem a eliminar nossas características negativas e aprimorar o que temos de positivo.

O outro fator proeminente se refere ao fato de o processo de humanização não ser simples e rápido, senão uma luta, que é dever do homem enfrentar com valentia, esforço e constância. Pois, como ensina a Logosofia:

A luta é lei da vida, devendo ser enfrentada uma e mil vezes, não com insegurança, mas com plena consciência de que é inevitável.

Observo hoje em minha vida que, ao buscar cada vez mais me humanizar e auxiliar o próximo em seu processo de aperfeiçoamento, tenho estado serena na margem daquele rio caótico por muito mais tempo. E posso dizer com alegria que cada vez mais vejo seres nessa margem, pois buscam com plena sinceridade atingir os verdadeiros propósitos de suas vidas, fugindo do caos que antes imperava em suas mentes.