É impossível viver sozinho! Esta é uma afirmação contundente porque a convivência humana é, indiscutivelmente, fundamental na existência e evolução da humanidadeMas, conviver com meu semelhante é tarefa fácil ou difícil?  

Ao pensar sobre esse assunto recordei das inúmeras experiências vividas frente às relações pessoais que tenho construído ao meu redor.

Ora preciso exercitar paciência, ora a discrição, por vezes, atuar com generosidade e, em outras oportunidades, fortalecer muitos sentimentos para manter uma amizade. 

Compreendo que em uma relação de convivência é preciso preservar minha individualidadedefender os meus valores internos e outras características. As virtudes e bons pensamentos precisam ser cultivados constantemente, pois estabelecem relações de vínculos duradouros e sadios, o que beneficia a mim e todos os envolvidos.     

A maioria das pessoas se aproxima por afinidades, por demonstrações de simpatia, por força dos ambientes que frequenta, por vínculos familiares e outras circunstâncias

  • E, por que depois de algum tempo ocorrem tantas incompreensões e até laços familiares desfeitos? O que acontece?
  • O que interfere tão profundamente nessas convivências interrompidas?
  • Será que a causa dessas dificuldades está fora ou dentro de cada ser humano?  
  • E quem é, senão a humanidade, que enfrenta tais dificuldades? 

 

A convivência e a oportunidade de me aperfeiçoar

Sem o cultivo de virtudesnão há como uma convivência harmoniosa e duradoura sobreviver, pois quando as deficiências psicológicas atuam mais do que as virtudes, a pessoa malogra tudo de bom que poderia ser criado com o semelhante, em quaisquer uma das vidas de relação que vive, seja de filha, de irmã, de amiga, de estudante, de profissional, etc.

Observo também que as virtudes cultivadas pelo meu semelhante, são muitas vezes, as que eu mesma não cultivo. Portanto, faço dessa observação, uma ferramenta eficaz para percebê-las, ver seus valores e buscar reproduzi-las dentro de mim, ou nas minhas atitudes.  

E se fossem cultivadas só virtudesjá imaginou que mundo teríamos

Entretanto, o ser humano possui dentro de si as deficiências psicológicas: “a Logosofia chama assim, o pensamento negativo que, enquistado na mente, exerce forte pressão sobre a vontade do indivíduo, induzindo-o de modo contínuo a satisfazer seu insaciável apetite psíquico”.

Essas deficiências atuam como feras na mente, ex. a brusquidão, a irritabilidade, aspereza, teimosia, intolerância, impaciência, entre outras, e podem tornar a convivência muito difícil, empalidecendo seu verdadeiro valor para o ser humano. Eu mesma já vivi momentos em que elas se manifestaram isoladas ou em conjunto, e senti que isso prejudicou muito a minha convivência com pessoas próximas. 

Proponho agora um exercício: imagine um pé de algodão. O que consegue imaginar sem tocá-lo? Depois disso, pegue um pedaço de algodão e toque-o com os dedos. O que consegue sentir e pensar? Com a imagem do pé de algodão consigo imaginar leveza, maciez, calma e paz. Ao sentir o algodão entre os dedos, a suavidade é comprovada. Agora, imagine tocar um espinho, O que sente?  

Na natureza, encontramos tanto algodão quanto espinhos. Na vida do ser humano, também encontramos modalidades psicológicas que podem ser traduzidas, analogicamente, em suavidade e brusquidão, e geram suas consequentes repercussões na convivência humana. 

Veja o seguinte trecho de um livro logosófico: “Tal como acontece com as demais deficiências, quem aspira a corrigi-la deve prestar especial atenção a seus pensamentos e, se tem consciência de sua brusquidão, trate no possível de ser suave, freando a tempo todo impulso contrário.” 

Esse simples movimento pode trazer inúmeros benefícios à vida de relação. A pergunta que me faço é: por que muitas vezes apresento espinhos ao invés da maciez do algodão para com os outros? 

A mudança que acontece em mim

Com a Logosofia venho aprendendo a observar minha conduta e a estudar minhas reações, pensamentos e sentimentos e já tenho conseguido identificar a atuação das deficiências psicológicas.  Essa prerrogativa de poder me conhecer tem possibilitado atuar modificando aquilo que não está bem.

Se tenho uma atitude brusca, penso sobre o ocorrido e me esforço para atuar de forma suave na próxima situação. Sigo colocando a cada dia, um traço dessa virtude na minha herança individual.  

Tenho percebido que as belas qualidades, caracterizadas pelas virtudes, a exemplo da suavidade, generosidade, discrição, bondade, temperança,  docilidade, conciliação, tolerância, a paciência, entre outras, elevam a convivência humana enobrecendo-a e enchendo-a de respeito 

O esforço por me conhecer, por superar-me, por modificar a mim mesma e oferecer ao semelhante o melhor que há em mim, faz com que eu edifique verdadeiros laços de amizade e estimule também uma nobre correspondência que favorece em muito a convivência. 

A humanidade melhor, que tanto queremos, começa dentro de cada um de nós. Assim, é necessário avançar na evolução individual, buscar conhecimentos, conhecer e aperfeiçoar a si mesmo. 

Cada um constrói uma parte dessa humanidade na qual estamos inseridos e ela pode ser mais feliz e harmoniosa a partir do cultivo de virtudes que favorecem a convivência humana. 

Deficiências e Propensões do Ser Humano

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