Lá estava eu, feliz da vida, acordando cedo para ir para o estágio que tanto gosto. Me programei para sair de casa uma hora e meia antes do horário em que eu precisaria estar na clínica odontológica. Poderia dirigir tranquila, chegaria com antecedência e teria tempo para me organizar antes do atendimento começar. Tudo estava perfeitamente planejado e sob controle.

No entanto, a chuva torrencial fez com que todos tivessem a mesma ideia que eu e saíssem mais cedo de casa. Sem problemas! De qualquer forma estava saindo cedo e um pouco de trânsito não iria me atrapalhar.

Liguei o rádio, respirei fundo e comecei a pensar em como aquele dia seria feliz. Não tinha porque me preocupar, eu chegaria a tempo e tudo ficaria bem.

Quando eu estava pela 10ª música, percebi que ainda faltava muito para chegar ao meu destino e já estava ficando sem tempo. Essa alegação fez com que alguma coisa dentro de mim ficasse muito agitada.

  • ‘’Não acredito! Nada vai dar certo!
  • Por que não saí antes de casa? Devia ter previsto que teria trânsito….
  • E agora? Não tem o que fazer! Vão me mandar embora do estágio porque vou chegar atrasada, com certeza! ’’.

E com esse tipo de pensamento na minha mente segui até o meu destino.

O Autor da Logosofia ensina que os pensamentos são entidades autônomas, que adquirem vida na mente humana.

E como têm vida! Naquele momento eles já tinham tomado conta da minha mente e do meu corpo: eu já estava nervosa, com o coração acelerado, brava comigo, com a chuva e com todos que estava na fila.

Depois de muito me desgastar com todas aquelas ideias pessimistas, finalmente cheguei no estágio. Com 10 minutos de antecedência, fui a primeira a chegar. Naquele momento percebi o quanto fiz tempestade em copo d’agua. Por que sofri tanto? Um trajeto que poderia ter sido alegre se transformou em um momento de aflição.

E isso tudo só aconteceu porque não estava consciente e me deixei levar por pensamentos de desespero e pessimismo! Quantas vezes situações semelhantes a essa já aconteceram comigo e eu nem percebi? Quantas vezes falei e me arrependi, me desentendi com quem amo e não agi da forma com que eu realmente gostaria?

Que bom que o ser humano é mutável e capaz de se superar! Que bom poder perceber essas falhas e saber que elas não definem quem sou.

Mais do que isso: a partir dessas falhas eu posso aprender a observar o que se passa dentro de mim para buscar não repeti-las!

Depois de todo o tumulto, pensei: ufa! Que bom que quando eu for adulta isso não vai mais acontecer comigo. Não vou mais ficar tão nervosa por chegar atrasada, já que vou ter meu próprio consultório e meus horários. Opa, mas como assim? Eu estava achando que do dia para a noite ia superar essa angústia por me atrasar?

Com certeza no futuro chegar atrasada acarretaria em problemas muito maiores do que agora. Tenho com certeza um longo caminho pela frente para superar essa característica que não me fazia bem.

Continuo pensando que ser pontual é muito importante, assim como continuo me planejando para sempre chegar no horário combinado nos meus compromissos. Mas um contratempo não pode ser responsável por me deixar fora de mim! Imprevistos sempre irão acontecer, em qualquer área de minha vida. E por isso eu preciso aprender a lidar com eles de forma serena e equilibrada.

Como? Não como em um passe de mágica, mas estando sempre atenta ao que se passa pela minha mente. Assim aos poucos vou me acostumando a estar alerta para conter esse tipo de pensamento antes de ele atuar e me fazer agir de maneiras que eu não gostaria. O erro como princípio de acerto.

Viver com esse tipo de mentalidade faz com que a vida tenha outra perspectiva: dessa vez não vejo a hora de estar com o tempo apertado para testar se consegui superar essa situação.