Como alcançar a imunidade nas lutas?
No último episódio da temporada, trazemos as reflexões que aprendemos com cada luta da vida, ressaltando que todas nos dão a oportunidade de nos superarmos e de servimos à humanidade com que temos de melhor.
Desde criança, tenho observado as formas de educar oferecidas pela sociedade.
Ao observar essas diferentes formas de educar, percebi que algumas eram mais rígidas, outras mais liberais. Algumas com castigos físicos, outras com conversas e explicações. Aliás, sempre observei a dificuldade dos adultos de oferecer explicações às crianças. A qualquer pergunta da criança o adulto responde “porque sim” ou “porque não”. Por que essa dificuldade existe? Será que o adulto avalia que a criança não tem capacidade de compreender?
A qualquer pergunta da criança o adulto responde “porque sim” ou “porque não”. Por que essa dificuldade existe? Será que o adulto avalia que a criança não tem capacidade de compreender?
Observando esse cenário, surgiram mais inquietudes. Será que existem novas formas de educar, baseadas no afeto, na paciência, na explicação, na conversa sincera e reservada, nos estímulos naturais, no estímulo à reflexão, na lógica, na verdade, no caminho que leva à evolução?
Certa vez, observei uma criança que corria dentro de uma sala sem parar. Em determinado momento, ela bateu a cabeça na extremidade de uma mesa e começou a chorar. A mãe correu para ver o que tinha acontecido, felizmente nada grave, e começou a dizer para a filha que a mesa era feia por ter feito isso com ela. Fiquei refletindo. Agindo dessa maneira a mãe retirou a responsabilidade de sua filha e a colocou em um objeto inanimado, não explicando a ela que tal fato ocorreu porque ela estava correndo sem parar e sem a devida atenção.
Nesse caso o erro é visto com muito peso, muita culpa e que devemos fugir dele. Talvez essa criança, com a repetição dessas atitudes, se torne uma adulta que não assume a responsabilidade por seus atos, atribuindo sempre aos outros tudo o que lhe acontece, seja bom ou ruim. É culpa dos outros ou de alguma circunstância, logo ela não tem controle sobre seu destino.
Este é um aspecto que sempre procurei evitar na educação dos meus filhos. Com o estudo da pedagogia logosófica, descobri um ensinamento do autor dessa linha pedagógica sobre a correção dos erros e comecei a aplicar com meus filhos. Um deles, devido a desatenção, muitas vezes quebrava alguma louça ao lavá-la. Com a repetição constante da situação, comecei a observar que eu estava sendo intolerante com ele. Então, na vez seguinte em que isso aconteceu, fiquei atenta ao meu estado interno.
Ele quebrou um copo e olhou para mim, com um olhar que já esperava uma repreensão. Eu estava calma e, serenamente, expliquei a ele que o ajudaria a corrigir seu erro e que ele deveria ficar feliz por poder fazê-lo. Pegamos uma pá e recolhemos os cacos do chão. Ele estava feliz por poder aprender com seu erro sem o peso da culpa. Também observei que eu estava feliz por poder corrigi-lo com serenidade, levando a explicação do fato e como ele poderia aprender com isso.
Ele estava feliz por poder aprender com seu erro sem o peso da culpa. Também observei que eu estava feliz por poder corrigi-lo com serenidade, levando a explicação do fato e como ele poderia aprender com isso.
Quantas vezes é necessário errar para aprender? Quase nunca aprendemos a fazer algo na primeira vez. A repetição é necessária para aprender. Entendi que preciso ser paciente com a criança, dar tempo para que ela experimente, erre, acerte, acerte novamente, erre, acerte, até ter domínio sobre algo. Me perguntei também quantas vezes me culpo por meus erros e sou intolerante e impaciente comigo mesma, não me dando o direito de errar.
Essa vivência mostra como é possível levar a criança a reconhecer os seus erros, e a não escondê-los, a ter responsabilidade sobre seus atos, a levá-la a pensar, a ter a oportunidade de corrigir seus erros e aprender com eles, a ser valente, a ter confiança em si mesma, a diferenciar a verdade da mentira, a bastar a si mesma, a escolher o seu destino e a escolher se tornar um ser humano melhor. E mostra também a generosidade dessa pedagogia, pois ao mesmo tempo que ensinei meu filho, também aprendi a controlar os meus pensamentos, a manter a serenidade interna, a ser mais tolerante com os outros e comigo mesma, a combater a impaciência e a aprender com essa feliz experiência a ser uma pessoa melhor.