Para o juízo corrente, a responsabilidade assume diversos significados, os quais, embora levem a um mesmo ponto, diferem entre si de acordo com as situações e com o papel que a responsabilidade desempenhe neles.

Os deveres e as obrigações correspondentes às respectivas atividades, quando se depende de outros, implicam responsabilidade. Esse é o caso de empregados, operários e de todos aqueles em cujas mãos se depositou a confiança de uma função a cumprir, e é também o caso do soldado que deve responder ao comando que recebe. 

Aumentando na escala hierárquica o volume da responsabilidade, ainda encontramos a assumida por chefes e patrões, bem como por quantos desempenham atividades cuja função estende a responsabilidade a valores de diversa natureza. Sucessivamente e no respectivo grau, a responsabilidade se fundamenta na solvência moral, na capacidade intelectual e na posição econômica que cada um tenha.

A responsabilidade, como expressão dos valores humanos, é precisamente uma das mais importantes expressões habitualmente usadas para definir a idoneidade moral e material

Esse vocábulo assume um caráter mais amplo ao se elevarem de categoria as funções humanas, nas quais assume valor. Nos grandes estadistas, nos que ocupam os cumes da ciência e também em todas aquelas figuras que gravitam na ordem espiritual, social e econômica de um povo, a responsabilidade alcança elevada significação, já que representa a garantia mais proeminente para todos os que os conhecem e lhes dispensam respeito, dentro e fora dos países a que pertencem. É a amplitude que abarca tal responsabilidade o que lhes concede a indiscutível autoridade que assumem em suas funções, sejam elas de Estado ou pertençam à especialidade na qual se destacam. 

Quando são os governantes – e isso a História leva em boa conta nos fatos que registra – os que revelam possuir responsabilidade moral, social ou econômica, os povos sentem uma verdadeira segurança em seus destinos, pois ninguém melhor que eles, que são parte do mesmo povo, cuidarão do progresso e bem-estar do país que governam.

Nessa acepção, o vocábulo compreende já a responsabilidade histórica, que se forja através de toda uma atuação e na qual o prestígio pessoal – soma das condições, qualidades, obras realizadas, etc. – chega a assumir às vezes características de consagração, sedimentando-se com isso a história do próprio ser que a fecundou. 

Em tempos passados, os reis e os altos dignitários das cortes cuidavam de seus atos tanto como de suas vidas, para não afetar em nada sua responsabilidade histórica. E foi a consciência dessa responsabilidade que sempre inspirou suas ações e evitou que se esquecessem de suas altas posições.

Responsabilidade significa compromisso e garantia de honestidade e capacidade de cumprimento; compreende a soma dos valores que alguém possui ou representa; constitui a constância que legitima os atos individuais e lhes dá o caráter de próprios.

Extraído de Coletânea da Revista Logosofia – Tomo 2, p.213

Coletânea da Revista Logosofia – Tomo II

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Carlos Bernardo González Pecotche, também conhecido pelo pseudônimo Raumsol, foi um pensador e humanista argentino, criador da Fundação Logosófica e da Logosofia, ciência por ela difundida. Nasceu em Buenos Aires, em 11 de agosto de 1901 e faleceu em 4 de abril de 1963. Autor de uma vasta bibliografia, pronunciou também inúmeras conferências e aulas. Demonstra sua técnica pedagógica excepcional por meio do método original da Logosofia, que ensina a desvendar os grandes enigmas da vida humana e universal. O legado de sua obra abre o caminho para uma nova cultura e o advento de uma nova civilização que ele denominou “civilização do espírito”.