Sou formada em administração de empresas e, recentemente, abri meu próprio negócio para melhorar a renda familiar. Dizer que já sei administrar uma empresa e que já conheço o negócio seria muita pretensão, apesar do título acadêmico. Sem a prática, posso dizer que tenho algumas noções, mas não estou plenamente capacitada para exercer tal papel. 

Diante disso, o que passou pela minha mente, nos dias que antecederam a inauguração, revelou o medo do desconhecido. Sentia uma grande insegurança e em muitos momentos pensava em desistir. Porém, esta posição não gerava a energia necessária para empreender. Então, comecei a pensar sobre isso, e fiz a conexão da abertura do primeiro negócio com o fato de ser mãe pela primeira vez, com a diferença de que nunca pensei em desistir dos desafios que esta tarefa me impunha. 

Quando recebi minha primeira filha fiz cursos sobre os cuidados com o bebê, ouvi conselhos de amigas, li livros sobre amamentação e alimentação, etc. Teoricamente, estava muito preparada. Chegou o momento de colocar esta teoria em prática e muitas outras variáveis entraram no caminho. 

Observando o vivido, posso afirmar que a capacidade para cumprir a minha missão de mãe veio e vem da experiência que, por sua vez, exige ensaios, errar, acertar. Errar? Isso mesmo! Parece estranho, mas minha filha sofreu um pouquinho (para não dizer muito) até que sua mãe entrasse nos eixos. Quanto aprendi com a análise dos meus erros!   

Essa comparação ajudou-me a mudar aqueles pensamentos de medo do desconhecido, e me deu energias para empreender o negócio. Estava disposta a observar e aprender com meus erros e acertos, mesmo sabendo que o cliente poderia, a princípio, não ser tão bem atendido como gostaria. 

Chegou o dia da inauguração. Fiquei muito ansiosa porque tudo era novo, tanto para mim quanto para as funcionárias. Porém, estávamos dispostas a iniciar nossa capacitação. Estava consciente de que erros poderiam acontecer e eu deveria saber corrigi-las com tato, tolerância e respeito, para que esta nova tarefa fosse prazerosa e o ambiente da empresa não sofresse alterações negativas. 

O primeiro mês foi muito rico e instrutivo em todos os sentidos. Além de começar a desenvolver a habilidade para gerir o negócio, descobri sentimentos que não imaginava existirem dentro de mim. Observando o empenho e a boa vontade de minhas colaboradoras, senti uma enorme gratidão por elas. Afinal, o que seria da empresa sem as minhas funcionárias? Quem verdadeiramente colabora para que o cliente seja bem atendido e receba o melhor produto? 

Envolvida por esse sentimento de gratidão, recebi da contadora a primeira folha de pagamento. Quando me dei conta do salário que as minhas colaboradoras iriam receber fiquei triste. Gostaria de poder, naquele momento, oferecer-lhes um salário melhor.

Nesse dia me dei conta de algo que não aprendi na universidade: o melhor que quero para mim devo querer para o meu semelhante também.

Entendi que querer lucrar é lícito, desde que nesse desejo esteja também a vontade de usar esse bem para melhorar a vida dos que colaboraram para que o lucro fosse uma realidade. 

Deixo aqui essas reflexões, porque estão sendo muito úteis para a harmonia do ambiente da minha empresa. As funcionárias, percebendo o meu interesse em compartilhar com elas o fruto do nosso trabalho, fazem as tarefas com gosto e trabalham felizes. 

O fato de ter mudado o foco do lucro máximo para o lucro compartilhado está reforçando dentro de mim a necessidade de me tornar mais humana e menos máquina. Será que não é disso que a humanidade está precisando?