Desde bem nova, escuto dos meus pais e professores que as crianças são o futuro da nação. Hoje, adulta e mãe, tal ditado me acompanha em vários momentos — principalmente quando quero ensinar às minhas filhas algo de bom e importante para o futuro, que poderá fazer diferença na coletividade.

Tenho duas meninas, uma com quase quatro anos e outra com quase dois. Brincar de boneca é uma atividade quase diária em nossa casa. Quantas oportunidades essas brincadeiras nos trazem… Apesar de terem algumas bonecas, muitas vezes elas querem a mesma — e no mesmo momento —, o que gera naturalmente conflitos, mas também possibilita trabalhar com o conceito de bondade, com a necessidade de serem corteses, e sobre a importância de saber ceder. E quando uma não quer deixar a outra participar da brincadeira, a explicação é sobre a importância de não se excluir ninguém, que amigo nunca é demais, e que, quanto mais tiverem pessoas de bem e felizes por perto, melhor.

Há algum tempo, estava precisando ensinar à filha mais velha sobre a importância de não correr na rua na frente dos pais e de dar a mãozinha na hora de atravessar. Não estava adiantando somente falar sobre os perigos que ela correria, pois continuava desafiando. Uma das técnicas que utilizei para reforçar essa instrução foi aproveitar os momentos em que brincávamos e em que eu era sua filha. Fazia exatamente o que ela vinha fazendo na rua, soltava da mão dela e saía correndo na frente. E a reação? Falava comigo que não podia, que aquilo era errado, etc., etc., etc. E ao lhe perguntar o porquê, ela me respondia o que sempre lhe falava nestas ocasiões: É perigoso, o carro pode te pegar, etc. Fiquei refletindo sobre a importância do que falo e explico, e que, de alguma forma, estava sendo internalizado por ela.

Recentemente, uma amiguinha sentiu-se mal na escola, e foi grande a minha alegria quando fiquei sabendo que minha filha ficou ao seu lado, tentando ajudá-la e sendo solidária. Recordei-me de várias conversas que tenho tido com ela, falando da importância de ajudar, de se preocupar com as pessoas, de se esforçar por não ofender ninguém, de cumprimentar a todos.

Tudo isto me faz refletir que, na simplicidade do dia a dia, durante as brincadeiras ou em conversas informais, surgem oportunidades para se plantar sementes ótimas na mente de nossas crianças. Sementes estas que podem germinar quando menos esperamos e que ajudam a construir cidadãos melhores e mais conscientes de sua responsabilidade em construir um futuro melhor.

Em um mundo tão cheio de opções e diversões de todas as ordens, selecionar o que realmente fará diferença se tornou uma tarefa complexa, e, como a mente da criança é terra virgem e fértil, é essencial semear boas sementes.