A construção de imagens não é coisa simples. Exige-se certa perícia nessa classe de arquitetura, a fim de que as imagens delineadas e expostas ante um auditório sejam claras e precisas e que, ao mesmo tempo, contenham quase que a expressão acabada de um conhecimento, de uma verdade ou do fato que se queira narrar.

Se, para expressar determinados aspectos da vida humana, recorremos, por exemplo, à imagem da árvore, diremos que, comparada a esta, a planta humana tem plasmada em sua semente a sua herança e, também, o seu futuro, mas que, diferentemente dela, a árvore humana pode morrer e voltar a nascer no curso de uma só vida.

Essa transformação se realiza ou se consuma quando morre a árvore velha da existência estéril e nasce a nova, de semente selecionada, sob os auspícios de uma concepção superior de vida. Com isso, damos a entender que, dentre as raízes da velha planta, que se desagregam, pode surgir um novo ser e que, quanto maior for o cuidado que lhe seja dispensado mediante o cumprimento da lei de evolução, maior será também a possibilidade de alcançar a perfeição da espécie.

A árvore humana é a única que pode dar flores e frutos em todas as épocas

Se compararmos a árvore humana com alguma dessas árvores do reino vegetal que costumam produzir muita ramagem, tanta que às vezes chega até a vencê-las, fazendo-as cair sob seu peso insustentável se não são podadas a tempo, compreenderemos, ao retirar delas a folhagem inútil que lhes absorve a vida e as torna estéreis, que no homem essa ramagem representa as vaidades, os falsos conceitos e as debilidades. É a frondosidade que a árvore humana por vezes ostenta, enquanto oculta um tronco oco. 

Geralmente, os que estão compreendidos em nossa imagem encontram a justa repulsa daqueles que nasceram sob o signo da sensatez e à luz natural do pensamento que ilumina e anima a vida dos que pensam com juízo e com lógica. Será fácil compreender, pois, que é preferível um broto fértil a muitos débeis e inférteis.

A missão da árvore humana não deve limitar-se a crescer e dar sombra. Chamada a ser a imagem de seu Criador, corresponde-lhe dar flores e frutos, e boa semente, para que a espécie não se debilite nem se extingam suas qualidades e virtudes.

Extraído de Coletânea da Revista Logosofia – Tomo 3, p.177

Coletânea da Revista Logosofia – Tomo III

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Carlos Bernardo González Pecotche, também conhecido pelo pseudônimo Raumsol, foi um pensador e humanista argentino, criador da Fundação Logosófica e da Logosofia, ciência por ela difundida. Nasceu em Buenos Aires, em 11 de agosto de 1901 e faleceu em 4 de abril de 1963. Autor de uma vasta bibliografia, pronunciou também inúmeras conferências e aulas. Demonstra sua técnica pedagógica excepcional por meio do método original da Logosofia, que ensina a desvendar os grandes enigmas da vida humana e universal. O legado de sua obra abre o caminho para uma nova cultura e o advento de uma nova civilização que ele denominou “civilização do espírito”.