“Conseguir que as gerações futuras sejam mais felizes que a nossa, será o maior prêmio a que se possa aspirar. Não haverá valor comparável ao cumprimento dessa grande missão, que consiste em preparar para a humanidade futura um mundo melhor’.1 

 

Sou pai de dois filhos, de nove e treze anos, ambos estudantes do Colégio Logosófico, em Belo Horizonte. 

 

Uma questão que tem ultimamente chamado minha atenção é sobre as consequências da chegada da adolescência no mais velho, bem como a repercussão na família —  principalmente para o filho mais novo, já que são muito unidos. 

 

É natural que as crianças se tornem púberes. Juntamente com todas as mudanças físicas, as responsabilidades aumentam; a ignorância e a inexperiência, naturais da infância, começam a ser superadas. O adolescente experimenta, por exemplo, um aumento gradual das responsabilidades escolares e domésticas e aprende, pouco a pouco, a bastar a si próprio. 

 

Apesar de me recordar de algumas passagens difíceis da minha adolescência, sempre ouvi dizer que esta é uma idade difícil para os adultos, por necessitarem de muita paciência para com os mais jovens. 

 

Mas, na prática, é uma fase difícil para quem? 

 

E quem necessita de paciência? 

 

Segundo o autor da Ciência Logosófica, depois do aperfeiçoamento individual, a formação do caráter de uma criança é o trabalho de maior transcendência e responsabilidade que um ser pode assumir. Além disso, referindo-se ao adolescente, essa ciência (…) ensina-lhe a criar suas próprias defesas mentais e o guia no conhecimento gradual das contingências que deve enfrentar, para que as resolva pela via natural da reflexão serena sobre os fatos.2 

 

Aprendi que nós, os adultos, precisamos ter especial atenção com as crianças para que, quando entrarem na adolescência, não sejam surpreendidas por temores desnecessários e, muitas vezes, incapacitantes, como, por exemplo, o temor a Deus. Ao contrário, compete-nos ensinar-lhes a criar suas próprias defesas mentais, por meio de conhecimentos relevantes que possam ajudá-los a enfrentar com valentia as lutas que virão. Compreendo que o fortalecimento psicológico e moral do adolescente se inicia, portanto, na infância. 

 

Refletindo novamente, de quem mesmo é a dificuldade? 

 

E como trabalhar com ela, buscando soluções? 

 

Penso que uma das respostas possíveis é a de se colocar no lugar do filho, sentir o que ele sente e entender a vida na perspectiva dele. Estar em condições de atuar com a sensibilidade é realmente uma virtude precedida de conhecimentos que podem ser adquiridos. Por exemplo: alguns dos momentos desafiadores pelos quais passei na minha adolescência podem ocorrer de forma parecida com meus filhos. Além do mais, pela minha experiência, posso estar em condições de os auxiliar, no entanto,  somente os conseguirei ajudar se estiver bem atento. 

 

Com isso, sabedor de parte das causas e possíveis consequências dessa fase, penso que me devo preparar para esse período, a fim de subsidiar os filhos desde a infância, com conhecimentos relevantes, com defesas mentais, não lhes incutindo temores, preconceitos ou crenças, demonstrando a importância de se bastarem em todos os sentidos. 

 

Concluo que, especialmente no ambiente familiar, devo agir com sensibilidade e com a força do afeto e do exemplo. O exemplo, notadamente o oriundo do amor das pessoas mais próximas – em quem eles confiam – são perenes e fixadores. Dessa forma, as etapas seguintes podem transcorrer com mais desenvoltura e suavidade.