Vida

A arte de administrar a si mesmo para se colocar na própria agenda

janeiro de 2024 - 5 min de leitura
Vida

A arte de administrar a si mesmo para se colocar na própria agenda

janeiro de 2024 - 5 min de leitura

Colocar-se na própria agenda. 

O que é isso? 

Em meio a incontáveis compromissos, constantes preocupações, problemas cotidianos, demandas profissionais, familiares e sociais de toda ordem, certamente você já tentou colocar-se na própria agenda. 

Conseguiu? E conseguiu permanecer nela? 

Não é uma tarefa fácil. 

Colocar-se na própria agenda é uma façanha magistral. 

Vamos por partes. 

Quem sou eu? 

Quantas vezes, na adolescência, encantei adultos com essa indagação! Não obtive respostas satisfatórias. 

“O ‘eu’ é um labirinto escuro e sem saída, meu jovem. Para que entrar nele? Cuide da sua vida e seja feliz…” Escutei, certa vez, de um familiar muito culto. 

Não desisti, porém, de encontrar a porta do labirinto. 

Embrenhei-me na juventude, andei com gosto por várias correntes de pensamento e ao final, decepcionado, resolvi dar uma pausa nas minhas andanças atrás do “eu” e arquivei a minha busca. 

 Ainda bem que isso se deu temporariamente, pois, de toda essa busca pelo incógnito, sobreviveu dentro de mim algo muito valioso: a inquietude do saber, de conhecer os mistérios da figura humana e os segredos da vida e do destino. 

Nos primórdios da etapa juvenil vieram a faculdade, o trabalho remunerado e, na esteira, os excessos da diversão e do lazer. Meu lema era estudar, trabalhar, monetizar as oportunidades profissionais e divertir-me o máximo possível. Pisei fundo no acelerador e finalizei essa fase verdejante da vida, na qual andei agitadamente em círculos. 

Já adulto, como executivo de uma instituição bancária, autorizei a demissão por justa causa de um jovenzinho que trabalhava no meu setor, por furto. Ao indagá-lo para conhecer os motivos do seu delito, escutei dele, aos prantos: — Eu não sou assim! Nunca furtei! É a primeira vez! O que dentro de mim me levou a fazer isso? — Dentro de você? Não sei, lhe respondi. 

Esse episódio muito me preocupou, levando-me a comprovar algo de que já tinha percebido: o homem é um ilustre desconhecido de si mesmo. Nasce, cresce, vive e morre de costas para si, às escuras, com as luzes internas apagadas. 

Naquele dia, ao retornar para casa, percebi que a pergunta do jovem demitido – “O que dentro de mim me levou a fazer isso?” — ressuscitou a minha antiga inquietude: quem sou eu? 

Reiniciei minha maratona em busca de respostas. Em vão. 

Foi nessa altura da vida que contatei a Logosofia. Era fevereiro de 1981. Véspera de carnaval. Contava com 36 anos de idade. Ganhei o livro “Mecanismo da Vida Consciente”. Não participei dos festejos de Momo, mas minha mente pulou ininterruptamente, ao tomar contato com o conteúdo daquele livro. Nele estava uma porção de tudo o que vinha procurando, a começar pela “Busca infrutífera do Saber”; passando por “O pensamento como entidade autônoma”; “O espírito” e, finalizando, “O homem pode ser seu próprio redentor”. 

Bastou-me a revelação da existência no ser humano de três sistemas: o sistema mental; o sistema sensível; e o sistema instintivo. Inquietou-me o conceito de pensamentos como “entidades psicológicas autônomas”. O que seriam?     

Apesar de considerar-me naquele tempo com um razoável grau de cultura, a afirmativa de que “A Logosofia não pretende ensinar nada do que o homem já sabe, senão o que ignora” não me causou nenhuma reação então. 

Recordo-me das primeiras impressões de felicidade ao estudar sobre a gênese e a vida dos pensamentos e o mecanismo da inteligência com suas faculdades: pensar, observar, entender, imaginar, refletir, recordar etc. 

Que conhecimentos estupendos, exclamei! 

Aí está algo do conhecimento de si mesmo, enunciado por Sócrates há mais de dois milênios, voltei a exclamar! 

Com este conhecimento poderei interferir, conscientemente, nos movimentos da minha mente, nos meus pensamentos, na vontade e até nos sentimentos! E mais: com conhecimentos assim, poderei promover dentro de mim uma extraordinária organização interna! Agora sim, parece-me que encontrei o verdadeiro caminho para conhecer quem sou eu. 

Assim, o “eu” foi perdendo o formato de “um labirinto escuro” impossível de ser encontrado e percorrido, para se tornar uma realidade palpável, cultivável, aperfeiçoável e realizável. 

O estudo da Ciência Logosófica, com seu inigualável método científico, vem oferecendo-me resultados e benefícios, antes desconhecidos totalmente por mim. 

Gradativamente, à medida que aprendi a administrar o tempo com objetividade e serenidade, ele passou a sobrar. Venho aprendendo a retirar o meu “eu” do círculo vicioso das preocupações comuns. 

Estudo Logosofia porque, no final de cada dia, ao folhear minha agenda, encontro o meu nome nela em um lugar de destaque. Colocar-se na própria agenda é uma arte magistral! É preciso se conhecer. Saber como estamos e como deveríamos estar funcionando por dentro! 

Quero relatar-lhes outra vivência valiosa. Certa vez, por força da profissão, participei de um simpósio sobre as maneiras de melhorar a convivência no trabalho. Nas palestras e reuniões escutei de tudo, menos o principal: os verdadeiros causadores dos conflitos nas relações profissionais são os pensamentos negativos enquistados nas mentes humanas que se convertem em deficiências psicológicas, tais como: impulsividade, impaciência, intolerância, irritabilidade, falta de vontade, timidez, egoísmo, vaidade, etc. Hoje, estudando os movimentos dessas deficiências na minha psicologia com o objetivo de me aperfeiçoar, tenho a convicção de que, se a humanidade adquirisse este conhecimento e o praticasse, ainda que em parte, o mundo converter-se-ia no melhor local para todos viverem em paz.   

Há tempos, um aluno perguntou por que eu estudava Logosofia. Fiquei preocupado em lhe dar uma resposta assimilável, devido à sua idade. Ao pensar rapidamente no que lhe dizer, observei uma agenda sobre a mesa. “Bom”, manifestei-lhe, “você daqui a pouco ingressará na faculdade e logo estará no mercado de trabalho. Como é ótimo aluno, seguramente terá uma enorme clientela, trabalhará bastante, será bem remunerado e certamente não terá tempo para si. Ano após ano, seus compromissos diários e os nomes de seus clientes serão anotados em agendas, iguais a esta. 

Com afeto lhe perguntei: “você entendeu? 

Ele acenou positivamente com as mãos, e me disse: “Eu também quero aprender essa arte, enquanto a minha agenda ainda está vazia.”


Um pensamento de

Você também pode gostar

Vida

Onde aprender conhecimentos para a vida?

A autora aborda no artigo sobre o verdadeiro conceito de vida e como podemos cuidar desse bem mais precioso que recebemos. Devemos aprender sobre outros grandes conceitos, como Deus, Ser humano, Leis ...

3 min
Vida

Como fazer das atividades diárias um campo experimental, base para o processo de evolução?

Neste artigo, Flavia Camargo compartilha as reflexões que mudaram sua postura perante os desafios da vida.

Vida

Enfrentando as lutas de forma mais consciente

Neste vídeo, Liara Salles nos apresenta suas reflexões sobre como tem ampliado o conceito de luta, encarando-as de forma natural e enriquecedora! Como fazer para não sucumbir às lutas da vida e us...