O livro infantil “Segredinhos para Ampliar as Amizade”, da escritora Jaqueline Miotto Zolet, conta a história de uma professora que apresenta segredos para uma boa convivência. O livro traz conceitos e valores sobre amizade e, mesmo que escrito para as crianças, revela ótimas dicas que servem a todos. 

Ao longo das semanas do Ciclo sobre “Amizade” estaremos trazendo alguns segredinhos desse livro, bem como novos segredinhos, juntamente com o relato de alguns estudantes sobre como compreendem que esse segredinho pode auxiliar nas suas amizades. 

Que tal você também descobrir esses segredinhos e ampliar as suas amizades? 

 

 

SEGREDINHO Nº 1 – Ser discreto, mas sincero com o amigo! 

“Todo o ser humano deve ter amigos. Os amigos se fazem por disposições mútuas, ao brindarem-se atenções que inspirem reconhecimento e confiança a ambas as partes. A afinidade nas ideias, gostos e costumes concorrem grandemente para cimentar a amizade.” Bases para sua Conduta, p.27 

A amizade é um bem inestimável para a vida do ser, que fortalece o cultivo do respeito. 

Ao ter acesso a intimidades de um amigo, é necessário medir as palavras e atos para não agirmos ou falarmos irrefletidamente, pois é nossa responsabilidade a guarda deste bem que nos foi confiado. 

A sinceridade na atuação em nossas amizades é outro elemento de extremo valor, pois a nossa intervenção sincera e respeitosa poderá auxiliar o amigo diante de uma conduta equivocada. 

Recordo-me de uma vivência, onde um amigo meu se indispôs com um servidor do clube pelo fato do mesmo não o deixar entrar no clube com uma pessoa que não estava autorizada. Os ânimos entre os dois alteraram-se, um clima de irritabilidade e desavença foi estabelecido. 

Quando meu amigo me reportou essa situação, em tom de queixa, eu ponderei com afeto de que o servidor estava cumprindo ordens que lhe foram determinadas e que sua atuação tinha sido equivocada. Na condição de amiga, sentia-me na responsabilidade de lhe trazer essa minha visão e postura. Meu amigo reagiu no primeiro momento, porém, após refletir com mais serenidade, recolocou-se e a situação foi resolvida. 

O sentimento foi de alegria pelo fato de ter auxiliado na solução de uma questão que estava propensa a tomar rumos inesperados, e a oportunidade do amigo de se recolocar diante de uma postura equivocada fortaleceu a confiança e o respeito em nossa amizade. 

Escritora: Inácia Bohrer 

 

SEGREDINHO Nº 2 – Se você quer ter um dia feliz, dedique uma atenção a seu amigo! 

Éramos quatro amigas. Tudo começou na infância e estendeu-se até a juventude. Nosso ponto de encontro mais frequente era o hall de entrada do prédio onde eu morava, explico: uma morava no prédio em frente, a outra morava dois blocos à frente e a outra vinha de uma quadra de distância. 

Foram inúmeros encontros e conversas nesse lugar, muitos risos e brincadeiras. Ficávamos até de madrugada conversando. Com o passar dos anos, algumas começaram a namorar, a trabalhar, eu fui fazer faculdade no Rio Grande do Sul, outra foi morar no litoral, e assim a vida foi nos afastando. 

Muitos anos depois, nós nos encontramos nas redes sociais, onde compartilhamos um pouquinho da vida de cada uma. Em uma das idas a São Paulo nos reunimos presencialmente, até que veio a pandemia. 

Recordei deste ensinamento do autor da Logosofia: 

“A amizade entre os homens consegue realizar o que nenhuma outra coisa consegue, por maior que seja. Não seria ousado afirmar que ela é um dos poucos valores de essência superior que ainda restam no homem, que o elevam e dignificam, tornando-o generoso e humanitário.” Coletânea da Revista Logosofia, Tomo II – p. 2 

Na pandemia, com a vida confinada em nossos lares, voltamos a conversar com mais frequência e, no primeiro ano da pandemia, comemoramos o aniversário de cada uma com uma reunião online. Quatro aniversários, quatro encontros cheios de alegria e afeto. Para mim, foi como voltar a ser adolescente, no sentido de reavivar a amizade que nos uniu no início das nossas trajetórias de vida. 

Com a vida retornando ao ritmo normal, nossas conversas já não são tão frequentes, porém sempre recordamos umas das outras. Sempre fico feliz quando me dão notícias boas e sinto vontade de abraçar a todas nos momentos difíceis. 

Se não fosse o anelo de cultivar essas amizades, teria perdido a oportunidade de viver esse sentimento tão nobre e superior. Sentimento que está na essência humana e que, se depender de mim, será perpetuado até o fim dos meus dias. 

Escritora: Luciana Debona 

A Logosofia ensina que a amizade nasce do afeto que a simpatia cria. Nesta semana revelamos dois segredinhos sobre a amizade que podem auxiliar muito para ampliar esse valioso conhecimento. Confira abaixo o que as autoras viveram em relação a eles. 

 

SEGREDINHO Nº 3 – Cada pessoa tem o seu jeito. Que tal conhecer o jeito de cada um? Você pode ficar surpreso! 

Em um momento, na minha adolescência, iniciei um curso em uma sala repleta de pessoas novas, onde ninguém se conhecia. Recordo de uma colega em especial que estava quase sempre sorrindo. Era raro encontrar a colega de “cara fechada”, apesar do ambiente bastante austero e que não estimulava a amizade. 

Recordo de desenvolver alguma desconfiança em relação a ela, pois achava que aquela alegria não podia ser verdadeira; construí, em minha mente, sem ter o conhecimento adequado, uma imagem negativa dela. 

Conforme o tempo foi passando, acabamos aproximando-nos e conhecendo-nos melhor. Qual não foi a minha surpresa ao identificar que aquela colega, então já amiga, cultivava realmente em si um ambiente feliz e transmitia o sentimento bom com o intuito de melhorar os ânimos dos seres próximos! 

Ainda hoje, passados muitos anos, essa amiga é sempre recordada por mim como alguém que transmite alegria, ainda que esteja em ambientes severos. 

Essa recordação fez-me refletir que cada ser conserva uma característica própria, que pode ser semelhante ou discordante da minha, e que esse “jeitinho” individual merece ser tratado com um dos pilares da amizade: respeito. 

Estimulando a faculdade de observar, ao mesmo tempo em que nutro afeto pelos amigos, posso dar amplidão à minha capacidade de reconhecer as peculiaridades de cada ser e de  descobrir,  mesmo nos amigos de longa data, virtudes que talvez tenham passado despercebidas até então. 

Escritora: Angela Brustolin 

 

SEGREDINHO Nº 4 – Ter responsabilidade com o amigo. A amizade não significa concordar com tudo, mas ponderar com afeto. 

Ao refletir sobre o conceito de amizade, vem na minha mente muitos amigos queridos, cada um com sua característica psicológica, mas surge no meu interno bem-estar, felizes recordações, vontade de ver e estar pertinho. Por que sinto essa vontade? Talvez pelas afinidades de pensamentos, propósitos de vida, aprendizados, experiências vividas, sentimentos singelos e repletos de afeto. Mas será que mesmo com tantas afinidades, não há momentos em que temos discordâncias? Claro que sim! Nem sempre concordamos, e aí o que fazer? Quando isso ocorre, observo dentro de mim alguns pensamentos que me dizem: “não concordo”, mas qual o problema se eu não concordo? Penso: “É a opinião dele”, “Por que será que ele pensa assim?”, “Será que existe a possibilidade de ele estar certo e eu errada?” Não importa… São somente visões diferentes sobre alguns pontos. Por que me coloco nessa posição de compreensão com o outro? Porque esse amigo tem muito a me ensinar, temos várias afinidades, e, ao ter esse sentido de colocação na convivência estou cultivando o respeito, a tolerância, a discrição, a simpatia e a correspondência, pois certamente essas virtudes não são estranhas para o meu amigo — afinal, eu também sou diferente dele. 

Escritora: Fabiane Lorenzet 

A confiança tem algo a ver com amizade? É ela que inspira uma amizade sincera? 

Revelamos nesta semana um segredinho e uma vivência muito especial que pode auxiliar a todos a cultivar essa virtude e fortalecer laços de amizade. 

 

SEGREDINHO Nº 5 – Dividir as alegrias e novidades com os amigos! 

Um ditado popular que desde muito tempo se repetiu em minha mente e que, por não ter refletido sobre ele, levei-o ao pé da letra, é que deveríamos guardar apenas para nós as novidades, projetos e alegrias de nossa vida porque, se contássemos aos outros, não se realizariam ou se perderiam. Percebi crescendo em mim um pensamento de egoísmo e desconfiança nos outros seres que me rodeiam, inclusive nos meus amigos. 

Quando parei para pensar sobre a mensagem que o ditado passava, comecei a questionar-me se concordava com ele. Por que dividir uma alegria ou um projeto com um amigo me traria tanto mal? Começou a não fazer sentido para mim. Por que esconder esses aspectos de minha vida das pessoas que tanto quero bem e que me agrada tanto conversar? 

Entendo que algumas vivências felizes bem mais profundas dizem respeito à minha intimidade e que preciso de maior discrição com elas. Alguns projetos ou planejamentos pessoais podem igualmente ser mais bem desenvolvidos para depois serem compartilhados, mas observei que quando divido uma alegria com um amigo querido essa alegria aumenta, como se minha vida se expandisse na vida dele. 

Também observei que conversar com esses amigos sobre meus projetos amplia a minha visão sobre o mesmo, já que meu amigo pode possuir outra forma de o ver, podendo assim aperfeiçoar meus projetos para que sejam mais assertivos. 

Vejo que muito tem a ver com a confiança que possuo por esses seres com quem tenho afinidade, e que essa confiança cresce à medida que vou conhecendo e me vou aproximando desses amigos, o que, a meu ver, só acontece se existir essa troca de vivências e pensamentos. 

Observei ainda que dividir esses aspectos de minha vida com meus amigos cria a oportunidade de eles compartilharem suas alegrias comigo também, fortalecendo nossos laços de amizade. 

Sinto-me muito mais feliz e mais próxima de meus amigos por ter descoberto esse segredinho de que é bom demais compartilhar essas vivências com eles! 

Escritora: Maria Luiza Souza 

A Logosofia ensina que o respeito é o fator essencial da paz. Teria o respeito algo a ver com a amizade? 

Confira abaixo dois segredinhos que trazem ótimas reflexões sobre o conceito de respeito na amizade. 

 

SEGREDINHO Nº 6 – Conhecer o amigo como ele é! 

Já passou pela sua mente aquela ideia de que amigo tem de gostar do que a gente gosta e ter afinidade em tudo? Que pretensão, não? Pois é, durante um tempo esta ideia foi predominante em mim quando o assunto era fazer amigos. Possivelmente, isso me custou alguns a menos hoje. 

No entanto, o bom amigo tempo foi oferecendo-me oportunidades de mudar aquela ideia, levando-me a ver que a raiz de uma amizade não está somente na afinidade de gostos, ideias, conduta, mas sobretudo em conhecer como é a pessoa de fato; quais são seus valores, como ela vive a vida, o que podemos aprender com ela, como podemos mutuamente nos ajudar? 

Fui descobrindo que o mais importante é encontrar, em meio às diferenças naturais que todos possuímos, aqueles valores essenciais comuns a todos os seres humanos e que, por isso mesmo, aproximam e fortalecem-nos. Para isso existe a amizade – para podermos ajudar uns aos outros, sem nenhum outro interesse que não o de fazer o bem pelo bem mesmo. 

A Logosofia tem ensinado-me a realizar isso e a compreender que, antes de querer mudar o outro ser, eu preciso realizar mudanças em mim, começando pelo exercício da adaptação, da tolerância e da bondade, que implica em compreender as razões pelas quais cada um é como é. Afinal, “uns têm o que a outros falta e o que a outros falta, uns têm.” Temos, portanto, muito a aprender, não é? 

Escritora: Vera Amaral 

 

SEGREDINHO Nº 7 – Resolver as coisas pensando e conversando 

Todos os dias, entramos em contato com diversas pessoas; algumas com mais e outras com menos. As relações humanas, no entanto, dão-se em todos os lugares do nosso dia a dia. Como posso então tornar a minha vida (e a do outro) mais leves? Todos gostamos de ser respeitados, ainda mais pelas pessoas a quem consideramos verdadeiros amigos, e a Logosofia ensinou-me muito sobre esse assunto. 

Pensar antes de fazer ou falar alguma coisa pode ser difícil, ainda mais se não estamos preparados para lidar com as situações, por mais cotidianas que sejam. E se fizéssemos o exercício de planejar os pensamentos que gostaríamos de ter com o intuito de aproveitar melhor a presença de um amigo querido? Eu, por exemplo, gosto de levar junto comigo a atenção (para estar muito presente naquele momento), o respeito e o afeto – dentre outros elementos. Quão mais agradável e proveitoso é ir cheio de pensamentos bons ao encontro de um amigo? E quanto tempo de vida é ganho ao vivermos momentos tão valiosos? 

Eventualmente, desavenças hão de existir entre dois amigos, mas é sempre mais fácil que elas sejam resolvidas quando pensamos antes de falar algo que irá ferir o outro. No final das contas, isso não agregará em nada: se tenho tanto afeto por outro ser, não seria melhor trazer pontos pertinentes de forma moderada em vez de usar de aspereza? Penso que o diálogo respeitoso em meio à conversa será sempre o melhor caminho. 

Escritora: Laura Takemoto 

Gostaria de saber sobre os outros “segredinhos”? Acompanhe na próxima semana a atualização deste artigo.