“Há uma infância que educar e uma juventude a se ensinar” nos diz o Educador e Humanista González Pecotche.

A quem está destinada a tarefa de educar e ensinar? Quem tem esse poder em mãos? Sem dúvida somos nós, adultos. Cabe a nós encaminhar a Humanidade futura – NOSSOS FILHOS!

E do que se valer para educarmos e ensinarmos nossos filhos? Do conhecimento! O conhecimento impede a atuação da ignorância! Logo, para educar é necessário conhecer como a criança constrói o conceito de mundo, como assimila comportamentos, pensamentos, sentimentos, como vai se desenvolvendo.

Meu neto de um aninho já faz suas escolhas. Já seleciona os brinquedos, lugares e alimentos de sua preferência. Percebo que suas escolhas estão baseadas no que lhe produz alegria, e como não sabe até onde pode ir, vai ultrapassando os limites saudáveis para sua idade.

Se o colocamos no tapete para brincar, quer sair e brincar em outra parte. Se está na calçada, quer ir para a grama. Ele sempre está querendo ir além. De forma natural ele quer explorar o mundo ao seu redor, ver até onde é possível ir, testando e treinando assim sua autonomia, procurando aprender a se mover nesse mundo, procurando romper com todos os cercados colocados em volta dele.

E assim como as crianças ensaiam até onde podem ir fisicamente, também ensaiam até onde pode ir emocional e psicologicamente.

Certa vez, na fila do supermercado, presenciei uma cena muito comum: uma criança, de cerca de três anos, esperneava no chão agarrada a um brinquedo, gritando para levá-lo. A mãe, calmamente lhe dizia que não, que ele não levaria. A criança chorava e gritava cada vez mais alto, a mãe foi ficando nervosa, e no final acabou cedendo.

Provavelmente essa criança já havia associado que sempre que chora deixa seus pais fragilizados e vence. A repetição dessa cena faz com que fique cada vez mais difícil colocar limites saudáveis para a conduta da criança. “Se chorei e mamãe deu, vou chorar sempre para ganhar!” Eles são ótimos nisso! Absorvem tudo com uma rapidez espantosa! E os pais, apaixonados e sem saber o que fazer e como fazer, vão cedendo.

Educar exige muita paciência e uma atenção especial ao encaminhamento do caráter e da conduta da criança. É importante estar ciente de que o filho vai crescer, vai conviver no mundo fora do seu lar onde as pessoas não vão fazer suas vontades. Temos que educar para a vida, para que eles não sofram depois ao se depararem com os muitos nãos da vida, com caras feias, com os limites próprios da convivência humana e que para eles serão insuportáveis caso não tenham sido preparados para essa inevitável experiência.

O limite como proteção deve ser construído desde o nascimento. E para construir limites como proteção futura é necessário observar seus comportamentos, suas tendências, verificar como a criança atua em cada situação para ir encaminhando-a. É necessário pensar que tipo de adolescente, de jovem e de adulto queremos que nosso filho seja. Quem não quer um filho feliz, seguro, generoso, afetuoso? Para isso as belas qualidades da alma precisam ser ensinadas, cultivadas, enaltecidas… Pensar sobre o que é melhor para a vida futura do filho é ter um norte a ser seguido.

Devemos também lembrar que a qualidade da convivência, do estar junto, supera as dificuldades. Olhá-los nos olhos, abraçá-los, ouvir o que eles têm para nos contar, brincar com eles, conversar sobre tudo o que acontece a sua volta, explicando a vida para eles, são recursos afetivos importantes. Podemos aproveitar esses momentos para ensiná-los, para orientá-los para a vida lá fora. Eu descobri, em minha vida profissional, que as crianças respondem muito bem às nossas posturas de respeito para com elas. Por mais que eu saiba que o que ela está me contando é coisa de criança, eu atribuo ao fato a mesma importância que ela está dando, pois esta é a vida dela, é o problema dela e para ela tem muita relevância.

Em relação à cena do supermercado, antes de sairmos de casa, seja para uma festa, a um parquinho, à escola, podemos combinar com a criança o que ela pode e o que não pode, e fixar o pensamento de não ceder. É importante mostrar a ela que a palavra dada deve ser respeitada. A criança é uma exímia imitadora. Ela copia nossos gestos, nossa maneira de falar, nossa conduta… É assim que ela vai assimilando a moral, a ética, os conceitos e valores para se mover no mundo.

Ensina-nos Pecotche que nossos conselhos e advertências os conduzem pelo caminho do bem, fazendo com que apreciem os benefícios de seus atos justos, nobres e honestos.

Não esqueçamos nunca que o LIMITE é o ABRAÇO DO AMOR!

Vamos educar nossos filhos para a Vida!