Estava eu brincando com meu filho junto aos pilotis do prédio. De repente, escutei uma babá dizendo para uma criança de aproximadamente três anos que estava decidida a entrar na piscina, a seguinte frase:

— Não entra! Aí tem cobra, jacaré e elefante!

No exato momento, fiquei estarrecida, esperando, com expectativa, a reação da criança, que respondeu com muita confiança:

— Não estou vendo nada disso!

Abri um largo sorriso e quase aplaudi! Fantástico ver a capacidade de pensar de uma criança! Mas a conversa entre as duas não parou por aí. A babá não se deu por vencida e emendou, com uma explicação que só piorou a situação:

— Só enxerga quem é inteligente.

Relato esse fato para alertar os pais a orientarem àqueles que convivem com suas crianças de não utilizarem esse recurso tão maldoso, prejudicial — e o pior —, desconsiderando toda a inteligência humana.

O temor engessa a mente, impede o desenvolvimento da função de pensar, embota a inteligência. Quantos temores foram — e são — inculcados de geração a geração?

Temor a Deus, ao inferno, aos mais velhos, ao médico, à injeção, ao professor, ao cachorro bravo, ao pai – que muitas vezes não presenciou a atuação equivocada do filho e ao chegar em casa precisa atuar como juiz. Descobri que não podemos amar a quem tememos.

É difícil acreditar que muitas pessoas ainda acham que, para serem respeitadas, é necessário que o outro experimente temor. Felizmente, tive a oportunidade de conhecer a Pedagogia Logosófica, que ensina que devemos utilizar outros recursos para corrigir, para ensinar, para educar. Recursos que propiciam o desenvolvimento da inteligência e do ato de pensar.

Quais seriam esses recursos? A explicação, que propicia o desenvolvimento do entendimento. A pergunta e a repergunta, que favorecem o ato de pensar. A enérgica doçura, que significa ser firme, mas não violento, e sim atuar com segurança e afeto.

A criança lá do pilotis, que tanto queria entrar na piscina, realmente precisava ser impedida, mas quais recursos poderiam ser utilizados? Poderia ter-lhe sido explicado que não era hora de nadar, que não estava com roupa de banho, que sua mamãe não havia sido consultada, que para nadar precisava de um tempo maior e de um adulto para acompanhar, etc. Todas as explicações reais, dentro de uma lógica. E, claro, se ainda assim, o pequeno não se convencesse, teriam que entrar outros recursos — reais, positivos, que educam.

Os resultados na educação, quando atuamos dessa forma, são muito diferentes. Tenho a esperança de que muitos pais e educadores compreendam a importância de não utilizarmos o temor. Sigamos em frente por uma educação para o pensar!