Aconteceu, há algum tempo, com a Lara. Menina boa, de sete anos, de opinião forte e que realizava com alegria a maioria das atividades. Mas, de tempos em tempos, tudo ficava difícil. Pensamentos mimados tomavam conta da sua mente, de tal forma que se tornava questão crucial satisfazer esses desejos, na maioria das vezes, sem sentido. Para isso, os pensamentos usavam de todos os argumentos: birras, gritos, etc., forçando os pais a ceder.

Um dia a mãe comprou para ela uma caixinha do seu chiclete preferido. Foi chegar em casa, e ela pedir, ou melhor, exigir o chiclete. Como de costume, a mãe perguntou se já tinha feito suas tarefas escolares. Só pela carinha, viu que a filha não havia cumprido suas atividades e disse à menina que, após realizá-las, ganharia o chiclete. A guerra dos pensamentos mimados chegou com força.

A mãe identificou que, anteriormente, quando vivia esse tipo de situação, sua tendência era satisfazer os pensamentos da filha, tentando impedir que eles se manifestassem de forma forte e interferissem de forma negativa no ambiente. Cedia muitas vezes aos caprichos de Lara. Ia ao restaurante que ela queria, mudava a música, fazia “trocas” para que a menina fosse às aulas, prometendo um doce após a natação, e por aí afora.

Naturalmente, o pensamento negativo só crescia e as crises se tornavam cada vez mais frequentes. Até que, naquele dia do chiclete, decidiu dar um basta. Enxergou que suas atuações de consentimento estavam prejudicando a filha.

Atuou com firmeza para o bem daquele ser humano, não cedendo uma vírgula aos pensamentos caprichosos. Teve conversas mais sérias, explicando os motivos de não permitir isso ou aquilo, deixando ela fazer o escândalo que quisesse, mas sem ceder. Muitas explicações passaram a aparecer:

“Você pode gritar, espernear, que não terá esse chiclete porque está errada, você sabe disso. O combinado era você realizar as tarefas antes de ganhá-lo.”

“O problema será seu se faltar à aula sem motivo. Explique-se depois com a professora. Além disso, o que ficará fazendo em casa? Nada.”

“Se ficar sem fazer o dever de casa, se fizer uma prova de qualquer jeito ou se não memorizar a tabuada, as coisas ficarão cada vez mais difíceis para você, podendo comprometer seu futuro.”

No dia específico do chiclete, guardou-o no fundo do armário, sem a mínima intenção de lhe dar.

Para alegria da mãe, após um tempo, as birras foram diminuindo e, quando aconteciam, eram bem mais leves e rápidas. Continuou sem ceder aos caprichos. Ia até a filha, dava um abraço, um beijinho, fazia um convite para fazerem algo juntas e conversar sobre o dia a dia.

Meses depois, arrumando seu armário, a mãe encontrou o chiclete, lá no mesmo lugar, bem no fundo do armário. Recordou da experiência e chamou a filha, mostrando-lhe o chiclete. Ela também se recordou do vivido.

A mãe disse que a filha estava se saindo bem em relaçao àquela conquista, conseguindo vencer os pensamentos mimados e de birra. Por isso, naquele dia, merecia a guloseima. As duas se abraçaram, beijaram-se, ficaram muito felizes. Quando o pai chegou, Lara lhe ofereceu um chiclete com o melhor sabor do mudo: o sabor de vitória!