Desde criança, tenho observado as formas de educar oferecidas pela sociedade.

  • Será que não haveria um novo tipo de educação, diferente da que eu recebi?
  • Eu educaria meus filhos da mesma forma que fui educada?
  • É possível ensinar e aprender ao mesmo tempo?
  • É possível ensinar a si mesmo?

Ao observar essas diferentes formas de educar, percebi que algumas eram mais rígidas, outras mais liberais. Algumas com castigos físicos, outras com conversas e explicações. Aliás, sempre observei a dificuldade dos adultos de oferecer explicações às crianças. A qualquer pergunta da criança o adulto responde “porque sim” ou “porque não”. Por que essa dificuldade existe? Será que o adulto avalia que a criança não tem capacidade de compreender?

A qualquer pergunta da criança o adulto responde “porque sim” ou “porque não”. Por que essa dificuldade existe? Será que o adulto avalia que a criança não tem capacidade de compreender?

Observando esse cenário, surgiram mais inquietudes. Será que existem novas formas de educar, baseadas no afeto, na paciência, na explicação, na conversa sincera e reservada, nos estímulos naturais, no estímulo à reflexão, na lógica, na verdade, no caminho que leva à evolução?

Uma nova forma de educar

Certa vez, observei uma criança que corria dentro de uma sala sem parar. Em determinado momento, ela bateu a cabeça na extremidade de uma mesa e começou a chorar. A mãe correu para ver o que tinha acontecido, felizmente nada grave, e começou a dizer para a filha que a mesa era feia por ter feito isso com ela. Fiquei refletindo. Agindo dessa maneira a mãe retirou a responsabilidade de sua filha e a colocou em um objeto inanimado, não explicando a ela que tal fato ocorreu porque ela estava correndo sem parar e sem a devida atenção.

Nesse caso o erro é visto com muito peso, muita culpa e que devemos fugir dele. Talvez essa criança, com a repetição dessas atitudes, se torne uma adulta que não assume a responsabilidade por seus atos, atribuindo sempre aos outros tudo o que lhe acontece, seja bom ou ruim. É culpa dos outros ou de alguma circunstância, logo ela não tem controle sobre seu destino.

Este é um aspecto que sempre procurei evitar na educação dos meus filhos. Com o estudo da pedagogia logosófica, descobri um ensinamento do autor dessa linha pedagógica sobre a correção dos erros e comecei a aplicar com meus filhos. Um deles, devido a desatenção, muitas vezes quebrava alguma louça ao lavá-la. Com a repetição constante da situação, comecei a observar que eu estava sendo intolerante com ele. Então, na vez seguinte em que isso aconteceu, fiquei atenta ao meu estado interno.

Ele quebrou um copo e olhou para mim, com um olhar que já esperava uma repreensão. Eu estava calma e, serenamente, expliquei a ele que o ajudaria a corrigir seu erro e que ele deveria ficar feliz por poder fazê-lo. Pegamos uma pá e recolhemos os cacos do chão. Ele estava feliz por poder aprender com seu erro sem o peso da culpa. Também observei que eu estava feliz por poder corrigi-lo com serenidade, levando a explicação do fato e como ele poderia aprender com isso.

Ele estava feliz por poder aprender com seu erro sem o peso da culpa. Também observei que eu estava feliz por poder corrigi-lo com serenidade, levando a explicação do fato e como ele poderia aprender com isso.

Quantas vezes é necessário errar para aprender? Quase nunca aprendemos a fazer algo na primeira vez. A repetição é necessária para aprender. Entendi que preciso ser paciente com a criança, dar tempo para que ela experimente, erre, acerte, acerte novamente, erre, acerte, até ter domínio sobre algo. Me perguntei também quantas vezes me culpo por meus erros e sou intolerante e impaciente comigo mesma, não me dando o direito de errar.

Essa vivência mostra como é possível levar a criança a reconhecer os seus erros, e a não escondê-los, a ter responsabilidade sobre seus atos, a levá-la a pensar, a ter a oportunidade de corrigir seus erros e aprender com eles, a ser valente, a ter confiança em si mesma, a diferenciar a verdade da mentira, a bastar a si mesma, a escolher o seu destino e a escolher se tornar um ser humano melhor. E mostra também a generosidade dessa pedagogia, pois ao mesmo tempo que ensinei meu filho, também aprendi a controlar os meus pensamentos, a manter a serenidade interna, a ser mais tolerante com os outros e comigo mesma, a combater a impaciência e a aprender com essa feliz experiência a ser uma pessoa melhor.