Sou muito grata à vida. Sei que devo muito do que sou à família em que nasci. Meus pais, como pessoas especiais e inquietas, buscaram por conhecimentos que dessem à vida um sentido mais amplo. Descobriram a Logosofia e aproximaram seus familiares e amigos dessa maravilhosa e importante ciência, com o estudo da qual posso fazer hoje, valendo-me de analogias, um paralelo entre as diferentes etapas da vida e as estações do ano. 

 

Como são maravilhosas as estações do ano que, com sua beleza e mistérios, oferecem-nos verdadeiros espetáculos! 

 

A primavera é o desabrochar. É o renascer da natureza, que irradia mudanças, beleza, alegria e encanto. É a infância com as nossas primeiras descobertas, através de brincadeiras e novos conhecimentos. É a adolescência e a juventude com experiências que nos levam a descobrir, aprender e assimilar algo novo a cada dia. Promovendo alegria, esses novos conhecimentos permitem lampejos de consciência e começamos aqui a fazer nossas primeiras escolhas. 

 

Vem em seguida o verão,  com o calor do amadurecimento. É o início e a consolidação da fase adulta, quando as energias são vibrantes e ocorrem muitas realizações. Damos início e firmamos as bases da vida profissional e familiar, além de outras importantes conquistas materiais e imateriais. 

 

Destaco algo que acontece nessa fase de maior amadurecimento. Com o suceder das experiências, os lampejos de consciência se tornam mais intensos e frequentes, fazendo brotar perguntas profundas relacionadas à vida: o que é a felicidade?  Para que estou vivendo? Como ser melhor e não incorrer nos mesmos erros? Como experimentar na vida a verdadeira espiritualidade? 

 

Amparada pelos estudos propiciados pela Logosofia e apoiada por pessoas queridas, posso dizer que vivi bem a primavera e o verão da minha vida. 

 

Vou deter-me um pouco mais no outono, estação do ano onde situo a etapa da vida na qual me encontro e que me tem levado a várias reflexões, recordações e outros movimentos de minha inteligência e sensibilidade. 

 

Nas oportunidades que tive de viajar para o hemisfério norte, onde as estações são mais definidas, fiquei maravilhada com a beleza do outono, quando a natureza nos oferece um espetáculo de cores e transformações. Descobri que é uma das mais lindas épocas do ano. É verdade que nesta fase a temperatura começa a cair, ou seja, a energia física não é mais a mesma. Porém, a vida ganha lindas nuances pela recordação de tudo que se viveu. 

 

É também no outono da vida quando colhemos muitos dos frutos daquilo que plantamos. Na minha experiência, percebo que conquistei uma vida material equilibrada, amigos sinceros e verdadeiros, familiares a quem me uni por vínculos profundos, netinhos queridos… Estes são alguns dos fatores que garantem o bem-estar e a felicidade. 

 

Tenho podido acompanhar as muitas transformações ocorridas durante as diferentes fases de minha vida: ampliei conceitos importantes como, por exemplo, o significado da vida, a felicidade e a espiritualidade.  Além disso, experimento o valor do cultivo de pensamentos e sentimentos elevados para que haja paz interior. 

 

Com o correr do tempo, chega o inverno: a velhice. Sinto-me segura de que, vivendo bem o outono, estou preparando-me para enfrentar as dificuldades naturais que virão com o inverno. Esta é uma etapa de reclusão, mas certamente serei amparada pelas recordações registradas em minha consciência, pela gratidão à vida e pelo aconchego dos afetos que tenha sido capaz de cultivar.