Certo final de semana voltei para a minha cidade natal a fim de visitar meus pais que há algum tempo não via. Como de costume, o final de semana foi muito agradável ao lado de pessoas que tanto amo.

Mas algo naquele final de semana me marcou muito. Acordei bem cedo para caminhar e fui a um lugar, bem no pé de uma serra onde, quando jovem, costumava ir com frequência. É um local de mata fechada onde existem várias nascentes de água bem limpa. Assim, durante a minha caminhada, pude observar que no local, onde conhecidamente uma dessas nascentes passava, ela não estava mais ali. Ao notar isso, fiquei intrigado e fui investigar qual novo trajeto essa nascente estava percorrendo.
Percebi que uma grande rocha tinha deslizado e parado bem na frente da sua antiga rota.
Pude notar também que, mesmo com aquela grande rocha em seu caminho, a água encontrou outro trajeto para percorrer, continuando com seu eterno percurso, com suavidade e firmeza.

Ao fim da caminhada, já na casa dos meus pais, fiquei refletindo sobre o que eu poderia aprender com a natureza dentro daquela situação observada. E logo me recordei de algo que estou vivendo em minha vida profissional que se assemelhava com aquela enorme rocha que parou no caminho da água.

A situação é a seguinte: no início deste ano, eu me propus um desafio no âmbito profissional, visto que sou recém-formado e ainda tenho um grande trajeto para trilhar até alcançar o que desejo para a minha profissão. Assim, pensei e decidi que deveria dedicar e investir um tempo maior em minha capacitação profissional, fazendo cursos e abraçando outros projetos.

Diante do desafio proposto, observei que estava sendo muito difícil para eu sair da inércia e colocar a mente e o corpo para investir em tal objetivo. Enfrentava um grande desafio e não tinha muita confiança se me sairia bem. Ficava pensando: ora, se eu já pensei, refleti e me decidi sobre o que eu quero, o que mais me falta?

Depois de algum tempo, com o auxilio da logosofia, pude fazer alguns estudos sobre minha mente, meus pensamentos, e só assim fui perceber que as dificuldades que estava enfrentando estavam, na verdade, dentro de mim mesmo.

De pronto me veio a imagem da rocha que forçou àquela nascente a mudar a sua trajetória. Mas, no meu caso, a rocha que estava no meio da rota da minha própria vida estava, na verdade, dentro de mim mesmo.

Essa rocha, que chamarei de rocha interna, tenho entendido que se compõe de inúmeros fatores, mas o principal deles é o de não ter me adaptado aos projetos e empreendimentos que planejei executar.

Ou seja, mesmo com as melhores intenções, mesmo pensando e refletindo muito no que eu queria para a minha vida profissional, observei que não tinha me preparado internamente para percorrer o caminho até alcançar a meta.

Pontos que anotei:

Eu me iludi inicialmente, imaginando que o caminho seria fácil e tranquilo. Imaginei que o trajeto que iria percorrer até a sucessão feliz dos meu projetos não teria nenhuma rocha atrapalhando essa rota. Com tais pensamentos na mente, eu não me esforcei em nada para me adaptar a essa nova modalidade e me adiantar a possíveis mudanças de trajeto que poderia precisar fazer.

 

“Quando se projeta fazer tal ou qual coisa, deve-se conservar, e até aumentar, o entusiasmo que animou o projeto. Geralmente se fracassa por não se haver adaptado a própria disposição às exigências da atividade que sua realização costuma demandar.” Coletânea da Revista Logosófica, Tomo II, Pag. 170.

Diante dessa experiência, pude compreender algo muito grande em que jamais tinha pensado: a importância de conhecer sobre o poder de adaptação. E não somente aquela adaptação física, que nosso corpo desempenha quando o clima muda, por exemplo. Não! Refiro-me a uma adaptação interna, que me ajuda a preparar melhor para o que quero viver, que me faz escolher caminhos que posso trilhar.

Esse poder da adaptação, realizado com consciência e constância me auxilia a me adaptar às novas condições que eu propus alcançar, favorecendo para que eu enfrente com mais inteireza minhas próprias dificuldades.