Você já viveu um momento no qual precisava tomar uma decisão difícil?
Certo dia realizei uma experiência que possibilitou cultivar a harmonia na convivência com um ser querido. Precisava tomar uma decisão difícil, mas que não dependia apenas de mim, pois o resultado impactaria também na vida dessa pessoa.
A situação já vinha se arrastando há algum tempo e tinha dificuldades em expor o cenário para que ela pudesse colaborar comigo na tomada de uma decisão.
Conhecia um pouco dos pensamentos difíceis que atuam na sua psicologia, que em vários aspectos se assemelham aos que atuam na minha. Com frequência esses pensamentos nocivos, que a Logosofia denomina deficiências psicológicas – brusquidão, intolerância, impulsividade, impaciência, intemperança etc. –, se encontravam em nossas conversas, gerando reações que levavam a discussões que feriam a sensibilidade de ambos. Ao final, acabávamos discutindo e não manifestando o que realmente precisava ser levado em conta para a tomada de decisões.
Ao perceber que situações como essa se repetiam com frequência, refleti muito e pensei em como poderia dizer o que precisava ser dito, mas de uma forma cordial que permitisse apresentar todo o contexto que estava em questão, sugerindo as alternativas que visualizava como forma de solucionar a situação e abrindo oportunidade para que a outra pessoa também pensasse em alternativas sem ficar enredada em pensamentos de reação.
A Sabedoria Logosófica trata os pensamentos como entidades psicológicas que se geram na mente humana, na qual se desenvolvem e ainda alcançam vida própria ensinando a conhecê-los, identificá-los, selecioná-los e utilizá-los com lucidez e acerto, pois tais entidades, que podem passar facilmente de uma mente para outras, constituem forças ativas de ordem construtiva a partir do instante em que ficam subordinadas às diretrizes da inteligência. Por meio do processo de evolução consciente proposto pela Logosofia é possível realizar uma rigorosa fiscalização dos pensamentos, colocando-os a serviço exclusivo da inteligência.
Após pensar, decidi utilizar a técnica de escrever o que precisava manifestar, escolhendo as melhores palavras, sem deixar margem para gerar reações com os pensamentos que habitam a psicologia daquela pessoa. Após escrever, reler, apagar, trocar palavras por outras que transmitissem cordialidade e afeto, ao mesmo tempo que transmitia a informação complexa que precisava ser digerida e meditada, coloquei-me no lugar do outro ser e imaginei os pensamentos e sensações que o texto poderia lhe causar, então fiz ainda mais alterações de palavras.
Encaminhei o texto por e-mail, para que fosse lido longe da minha presença. Desta forma, a outra pessoa teria tempo para assimilar as informações ao mesmo tempo que as palavras cordiais e afetuosas faziam sua parte serenando seu ânimo, proporcionando maior limpeza e clareza mental para compreender a situação e pensar na melhor forma de colaborar para a sua solução.
Assim, quando nos encontramos, ambos já estávamos preparados para uma conversa, pois vários pensamentos difíceis já haviam sido deixados de lado, propiciando serenidade para definir a estratégia que seria adotada naquela situação. Logicamente que essa defesa mental de analisar e selecionar os melhores pensamentos pode ser aperfeiçoada, para que nas próximas atuações consiga realizar todo esse movimento interno sem precisar estar longe da pessoa ou ter que escrever para conseguir organizar e controlar os pensamentos.
Essa experiência me fez observar a parcela de responsabilidade que tenho nas reações que ocorrem na convivência humana, pois ao alterar a forma de comunicar os pensamentos, também substituí os pensamentos que estava transmitindo por outros melhores, mais elevados, de maneira que encontraram pensamentos da mesma índole na psicologia da outra pessoa, por isso não geraram reação negativa.
Comprovei, portanto, que conhecer a realidade dos pensamentos e do mundo mental melhora a convivência e possibilita o cultivo de vínculos de afeto entre os seres humanos, protegendo-os de pensamentos nocivos.