Quando meu filho tinha cinco anos minha mãe o presenteou com um ovo de Páscoa e disse: “- Olha só o que o coelhinho mandou para você!”. Surpresos ouvimos a seguinte resposta: “- Vovó, coelho não bota ovo, ainda mais de chocolate, foi a fábrica que fez!” Recordo que nos olhamos e exclamei entusiasmada: “– Ele sabe pensar!”
Mais tarde, refletindo sobre o que vivemos, recordei de alguns estudos da Ciência Logosófica que eu e meu marido realizamos. A aplicação desses conhecimentos na educação das crianças nos levava a comprovar a maravilhosa complexidade do mecanismo mental do ser humano.
Estudando o desenvolvimento da mente na infância, conforme a Pedagogia Logosófica, entramos em contato com uma proposta muito interessante. Na criança atuam principalmente duas faculdades da inteligência: a imaginação, que a protege em seus primeiros passos pelo mundo e a recordação, que guarda em seus arquivos tudo o que se relaciona a essa nova vida que começa a se desenvolver.
Quando uma criança nos surpreende com um entendimento que supera tudo o que consideramos adequado para sua idade, qual é a causa?
Compreendi com meus estudos que é comum subestimar a capacidade que a criança tem para entender tudo o que se relaciona à realidade e alimentamos sua imaginação com elementos fantasiosos que, em sua inocência, admite como verdadeiros. Ao invés disso, podemos explicar com palavras adequadas que colaborem para a contínua e progressiva expansão do seu entendimento.
Será que coelhos que fazem ovos de chocolate são mais encantadores que os coelhos reais?
A faculdade de entender, um dos recursos mais importantes da nossa mente, tem como principal função penetrar no desconhecido levando o ser humano a buscar o saber. O esforço de ir além, atrás de fatos antes inexplicáveis, impulsiona a evolução.
Na infância essa faculdade se desenvolve principalmente por meio das perguntas que a criança nos faz. Se não damos a devida atenção a essas perguntas ou, quando nossas respostas não ajudam no aprimoramento da mente infantil como, por exemplo, ao levarmos à criança imagens distorcidas por elementos fantasiosos impossíveis de serem comprovados, a faculdade de entender tende a ficar bloqueada podendo levar a uma apatia que torna a mente da criança dependente de outras mentes.
Muitos dos problemas que vivemos com adolescentes e jovens que se tornam vítimas fáceis de ideologias extremistas deve-se ao bloqueio da faculdade de entender. Ademais, podem não terem sido estimulados a pensar por si mesmos, que é a maior defesa mental que podemos ensinar a nossos filhos, saber pensar!
Toda vez que me recordo daquele singelo fato, relacionado a um simples ovo de chocolate, me emociono, pois por trás de cada palavra daquela criança moviam-se poderosas forças ligadas ao desenvolvimento de todo o potencial que nos foi concedido pelo Criador.
Nas mentes infantis encontra-se a chave para a felicidade humana, tão buscada fora de nós e que só será encontrada quando aprendermos a trilhar o caminho do autoconhecimento.