Qual o segredo da juventude? Como prolongar a vida e manter a saúde? Existe mesmo o famoso elixir? Essas e outras indagações do gênero despertavam e despertam, até hoje, a imaginação de muitos. Era caso corriqueiro, contado e recontado na minha família, a pergunta que fazíamos ao nosso longevo avô, no alto de seus lúcidos 104 anos, inquirindo sobre o que era necessário para se viver muito. À resposta, sempre simples, não faltava o precioso ingrediente do humor: acordar cedo, lavar o rosto na água fria … e só olhar para gente bonita!
Há algumas décadas, em nosso país, as proles eram grandes, e se mesclavam umas às outras através da formação dos pares, advindo novas e grandes famílias, repletas de tios e primos, e coroadas por centenários patriarcas e matriarcas. Havia muitos avós e bisavós; crianças em profusão! Hoje, famílias reduzidas, com filhos únicos ou preponderantemente constituídas de dois, ou, no máximo, três irmãos. A população brasileira ultrapassou a cifra dos 208 milhões, de acordo com os dados do IBGE de 2018. Envelhecida, a previsão é de que os idosos suplantem o número de jovens em 2060.
Interessante: deseja-se viver muito, mas há um desconforto com o avanço da própria idade, vicejando a tentativa de estancar os efeitos dos anos na pele e na alma maduras. Gonzalez Pecotche, autor da Logosofia, ensina que o ser é uma sucessão de seres, cabendo a cada um não comprometer o ser de amanhã, criando problemas ou o expondo depois a situações provocadas por inércia ou ausência de valentia no presente. Aos idosos de amanhã cabe a consciência e a responsabilidade de procurar, na medida de seus recursos e capacidade, a busca do bom e do saudável e o desenvolvimento de práticas e atitudes que promovam uma longevidade mais feliz. Há de se cultivar convictamente no presente o que se almeja ser no futuro.
Posso observar em meu pai, hoje um ativo senhor de 83 anos, que o movimento é uma das garantias da vida saudável. Movimento que, como tudo na Criação, há de se buscar e manter pelo equilíbrio e pela constância. Estar aberto a atividades novas, ter gosto pelo aprendizado, movimentar sempre o corpo e a mente, e fazer algo que se traduza em levar o bem para os demais. No caso dele, a escolha foi oferecer, graciosamente, livros aos transeuntes de uma praça. No meu ou no seu caso, caro leitor, a escolha pode ser diversa, mas será benéfica desde que nela estejam embutidos princípios do verdadeiro bem e do gosto pela vida.
A vida não deve jamais ser malgastada; deve ser poupada, de sorte que tenhamos à mão uma poupança que nos socorrerá quando nos faltar o viço dos verdes anos. Somente assim poderemos sentir a juventude em todas as idades, pois a seiva juvenil será estendida ao longo de toda a existência.