Era um reino pródigo em que o nobre que o governava, de forma sábia e generosa, vinha de uma linhagem antiga. Carregava em seu nome e sangue a herança verdadeiramente nobre e elevada, repleta dos bons feitos de seus antepassados, de exemplos de retidão, justiça e bondade.
Com muitos filhos, o senhor daquelas terras previa que, ao deixar de existir no mundo material, a divisão de seus bens geraria desencontros e desavenças entre os seus. “Não há herança capaz de saciar o egoísmo e a mesquinhez”, refletia.
Angustiado com o que profetizava para seus herdeiros, buscou nos livros os conhecimentos que ajudassem a encontrar a solução para tal problema. Foi quando, em meio aos antigos escritos de seu acervo permeado de histórias, deparou-se com a verdade por detrás das múmias.
Embalsamar os mortos era uma forma de opor-se ao tempo e mostrar o próprio império sobre este e possibilitar, quando de seu retorno, que estivesse novamente de frente à sua própria linhagem.
Fala-se que, deste modo, aquele nobre sábio resolveu o problema de sua herança. Guardando-a, como as múmias, quis garantir que para todo sempre resgataria seus bens mais preciosos. Assim, ao ver-se de frente aos seus, geração pós geração, faria com que sua principal herança nunca se esgotasse.
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A herança espiritual não se esgota, passa de geração em geração, podendo o ser humano se reencontrar em sua própria linhagem. Nos esforcemos, portanto, em superá-la sempre!