Dando seguimento ao ciclo, ao longo dos conteúdos, detivemo-nos em assuntos sobre consciência, pensamento, recordação, mas vamos agora falar sobre a vida.  A pergunta que me guiou para escrever este artigo foi: Qual é a minha concepção sobre a vida? Diante desse tema, fiz esta e outras perguntas com o propósito de construir pontes para meu entendimento. 

Ao recordar de vivências, lembro que me perguntava: “A vida é nascer, crescer, envelhecer e morrer? E só isso?”.  Enquanto não aceitava essa narrativa ouvida de muitos, e inquieta com a questão, buscava em vários ramos da ciência, filosofia, religião, algo palpável que aquietasse em mim o barulho interno que a falta de elementos lógicos causava para minha inteligência. 

Estudando Logosofia, aos poucos fui encontrando as respostas lógicas, com base em conhecimentos comprováveis ao serem praticados — conhecimentos que me deram convicção por sua clareza, assim como sei que: 2 + 2 = 4. 

Um exemplo de conhecimento que confere segurança em meu agir, e é um norte em minha vida, é o das Leis Universais: evolução, movimento, equilíbrio, herança de si mesmo, causa e efeito, correspondência, tempo, e tantas outras. As Leis esclarecem os episódios observados, clareiam meu entendimento, assim como é claro que, se alguém plantar abacaxi, não irá colher uva! (Lei de Herança). Como também, se alguém tratar mal uma pessoa, não pode esperar que ela seja simpática e delicada (Lei de Causa e Efeito, Correspondência); ou não fazer exercícios físicos e querer ter músculos fortes (Lei do Movimento); melhor ainda, não oferecer conhecimento para enriquecer a mente e a inteligência e querer ter sabedoria (Lei de Evolução). 

É bom e satisfatório para a inteligência ver a lógica das coisas, não é? Isso é o que todo ser humano merece: receber conhecimentos que lhe permitam explorar seu mundo interno, adquirir clareza do conteúdo que quer dar à sua vida e aproveitar o tempo para sua evolução — cada um desses elementos são fundamentais para dar verdadeiro sentido à própria existência. 

Um dos conceitos relacionados com tempo e vida, que González Pecotche apresenta, norteia o trabalho que busco fazer comigo:

“O tempo é a essência oculta da vida, é a própria vida em todo seu percurso.”

Este trecho está no livro Logosofia, Ciência e Método. A relação do tempo com a vida é algo que me fez refletir em muitos momentos. 

Certa vez, estava para tirar férias e tinha três opções para melhor as aproveitar: uma viagem para outro país, outra para uma cidade distante, encontrar com amigos queridos, ou passá-las na praia com meus pais que moravam em outra cidade. Em um movimento de minha sensibilidade, decidi passar com meus pais. Foram dias intensos de alegria, companhia e amor, dos quais ficaram recordações valiosas e inesquecíveis dos momentos vividos em família. Dezoito dias após essas férias, meu pai faleceu. Apesar da tristeza por sua partida, pude sentir-me grata a mim mesma por ter decidido passar esse tempo com eles. As últimas recordações com meu pai preenchem meu coração de gratidão e dão sentido maior à minha vida; poderia não ter vivido essa realidade e ficaria triste por não ter tomado aquela decisão. 

Passei a dar mais valor ao tempo, compreendi a importância de o preencher com atividades que colaboram para enriquecer a vida, porque tenho aprendido que o tempo que perco é vida que passa e que não recupero. 

Que relação tem o tempo com a vida e com a consciência da mesma? Relacionando a palavra consciência com: com-ciência, com-conhecimento, ou com sabedoria, pode-se identificar a amplidão de seu conceito.  O autor da Logosofia apresenta que “a consciência é a raiz da existência”, e buscando saber qual o papel de uma raiz, entende-se como a consciência pode dar perenidade à existência, já que, como a raiz, alimenta, nutre e mantém-na. 

Muitas pessoas se inquietam sobre temas como tempo, vida, consciência e existência. Qual a diferença entre vida e existência? É a mesma coisa? A vida é palpável, pode relacionar-se com a vida física, é mortal; e a existência? É também palpável para a compreensão mental, pois se pode compreender que a vida não é só nascer, crescer, etc. Pode-se vislumbrar como é amplo o alcance desses conceitos. Tenho aprendido com a Logosofia que o conteúdo da vida é formado pelos pensamentos e sempre reflito: que tipo de vida eu quero ter? Que conteúdo eu quero dar a ela?  

Recordo que, certa vez, ao realizar uma viagem, fiz o câmbio da moeda. Chegando em casa, fui separar uma parte para dispor na carteira e percebi que havia recebido o dobro do valor correto. Imediatamente reprovei quaisquer pensamentos que não fossem o de devolver a quantia extra, e em minha mente veio um pensamento muito forte: “jamais ficarei com esse dinheiro!” Telefonei para a loja de câmbio e pedi para falar com a pessoa que me atendeu, que se recordou de mim e da operação. Perguntei: 

– Você recorda o valor que me deu no câmbio? Como sua resposta foi o valor correto, eu falei: 

  • Pois é, você não me deu o dinheiro na quantia certa! 
  • Como não dei, eu o contei na sua frente!, argumentou o atendente. Pedi então para que verificasse seu caixa, e ele então se mostrou assustado. 
  • Falei:  

– Você não me deu o valor certo; você me passou o dobro!  Fique tranquilo, irei agora mesmo devolver a diferença. 

Quando cheguei no local, os olhos dessa pessoa tinham tanta gratidão e alegria, a tal ponto que eu fiquei mais feliz ainda por ter exercido a conduta que me foi ensinada por minha mãe quando criança, e afiançada pelos conhecimentos logosóficos que adquiri.  Isso me permitiu aumentar internamente o valor que eu quero dar à minha vida, um valor de bem, de correto, que me faça sentir alegria interna e que possa ser recordada pelos demais como sendo de um ser com crédito moral. 

Tenho aprendido que cada pensamento tem um elemento causal que o estimula a manter-se presente. Reflito sobre a relação dos pensamentos com a própria vida: qual é o elemento causal que a fará merecedora de estar presente na recordação dos demais? O que dará manutenção a essa vida e a tornará eterna?  Concluo que é o bem, o bom, o correto. 

Assim, quando observo em minha mente um pensamento que não me faz bem, que não contribui para os objetivos que tenho acerca do meu aperfeiçoamento, da minha evolução, é claro que ele não me é grato, e que não o aceito. O mesmo pode ser aplicado a alguém que não contribui para a evolução da humanidade, que não faz o bem, e sim pratica coisas erradas. Esse ser merece ter nosso acolhimento? Merece inspirar uma boa recordação?  Com a vida não é o mesmo? 

Um ensinamento de González Pecotche permite-me comprovar isso:

“A vida é um espelho onde se reflete o que o ser pensa e faz, ou o que os pensamentos próprios ou alheios o levam a fazer.” 

Minha vida foi sempre ativa; sempre gostei de aprender tudo e de realizar muitas atividades. Porém, em um determinado tempo, tive sérios problemas de saúde que me impediram de andar e trabalhar, exigindo repouso absoluto e a interrupção de todas as atividades que eu desenvolvia. Foram tempos difíceis, porém eu tinha a certeza de que, no amanhã, eu poderia mudar a minha condição. Recordava da metamorfose por que passa uma borboleta e, por analogia, vi-me como uma lagarta que um dia voltaria a ter asas e a voar. Fortalecida por essa imagem, firmei em mim o propósito de me manter ativa mental e psicologicamente, como uma forma de preparo para o futuro que queria viver. 

Procurei apresentar neste artigo muitas referências vividas por mim durante a vida. Deixo o podcast deste episódio, onde outros estudantes de Logosofia trouxeram seus conceitos de vida e exemplos de seus aprendizados e experiências.
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Podcast Entre Mundos T1 E1 – Consciência da Vida

Na próxima semana, publicaremos nosso último artigo e o episódio sobre Destino.