Recordo-me como se fosse hoje do dia em que estava no aeroporto esperando por um voo e abri o livro Introdução ao Conhecimento Logosófico na conferência Consciência da Vida. Li a conferência diversas vezes, pois seu conteúdo era inédito para mim, e tive a sensação de que durante a viagem minha consciência ia levantando voo junto com o avião. 

Logo no primeiro parágrafo, Carlos Bernardo González Pecotche ensina que

“uma das causas da infelicidade humana reside na ignorância dos seres acerca do comportamento que lhes cabe observar em cada um dos atos de sua vida.”

Percebi naquele momento que aquela era a minha realidade. Eu não observava o que se passava dentro de mim, não planejava o que eu queria viver e não estava atento à minha conduta. 

Pensar é observar, meditar, refletir e selecionar. Foi na Fundação Logosófica, nessa escola de adiantamento mental, que aprendi a pensar, observar os fatos vividos e ser grato por eles. O constante observar, pensar e recordar para que vivo dá-me a segurança de que estou forjando o meu destino e de que não me deixo ser levado pela vida. Ao ler a conferência e estudá-la a fundo, levando para a prática diária alguns dos ensinamentos ali contidos, percebi que a comprovação poderia estar em minha mente e meu coração. Minha sensibilidade apontava para o conceito de que não fazia sentido querer viver algo que logo na sequência seria esquecido, mas minha mente me sussurrava que reter todos os momentos vividos era algo inalcançável. 

Depois desse dia no aeroporto, em várias ocasiões voltei a ler essa conferência; toda vez que faço isso, percebo que minha mente e coração se abrem para as grandes verdades que o autor me apresenta. Essa conexão se dá pela leitura consciente e por colocar em prática os ensinamentos em minha vida. Percebo que, na minha realidade, o que minha mente consegue reter não são todos os fatos vividos, e sim a essência do que vivi de forma consciente. Viver conscientemente é planejar o que quero viver e, ao experimentar o que planejei, aproveitar a experiência para meu processo de evolução. 

Vivo de maneira consciente quando planejo trazer elementos de bem para o convívio familiar e, durante a experiência, fico atento aos meus pensamentos, sentimentos e ações, usando a faculdade de pensar e outras, conectadas tanto à inteligência quanto à sensibilidade. Ao término da experiência, o que fica não são os assuntos tratados ou as situações específicas vividas, mas sim a essência. Fica a felicidade de ter conseguido viver o que realmente queria viver; fica o grande, o eterno, o sentimento de que valeu a pena ter vivido aquele momento. 

Desde pequeno me inquietava o momento da morte. Ficava pensando sobre o tema e questionava-me de como seria e como me sentiria nos momentos que antecedessem tal acontecimento. Sem conhecimento, essa inquietação se foi transformando em medo. Recordo-me de sentir medo da morte durante a adolescência e início da vida adulta. Percebi que esse medo estava relacionado com o viver de forma inconsciente. A vida inconsciente é a vida em que, à medida que o tempo passa, fica muito pouco ou quase nada. 

Aprendi com a Logosofia que é o viver consciente que me dá a segurança de que vivo a vida que quero viver. É o viver consciente que me garante que não estou sendo levado por pensamentos alheios. É o exercício de pensar e estar consciente que me protege contra o temor. É o ato de pensar e sentir de forma consciente que me dá a segurança de estar forjando o meu próprio destino. Essa confiança e segurança vem sendo forjada nos últimos anos com a aplicação do método logosófico — ao estudar o que eu experimento e experimentar o que eu estudo. 

González Pecotche coloca-me diante de muitos questionamentos, como os constantes na conferência citada acima, perguntando sobre a vida:

“É assim que se deve valorizá-la? É essa a prova que estamos dando a Quem criou o ser humano de que sabemos para que estamos aqui na Terra, por que vivemos e para onde vamos?”. 

À medida que vou organizando meu sistema mental e sensível, à medida que vou pensando e sentindo de forma consciente, sinto-me mais feliz e percebo que a vida tem mais conteúdo. Consigo viver a vida com intensidade, e não com pressa. O exercício que o autor da Logosofia convida a fazer, o de estar consciente a todo o momento, ainda está longe da minha realidade e capacidade, no entanto, percebo que venho conseguindo dar muitos passos. 

O conhecimento sobre a faculdade de pensar e demais ensinamentos logosóficos são muito importantes em todas as áreas da vida. No nosso podcast Entre Mundos — Episódio 05, falamos sobre a humanização na área da saúde, no qual profissionais contam experiências sobre a importância deste conhecimento na prática humanista. Venha conferir!