Saber esperar: seria este um dos grandes segredos da vida? Encontrei esta expressão num texto do instigante pensador González Pecotche, criador da Logosofia. Parecia algo trivial, mas, refletindo um pouco, reconheci que se aplicava a vários campos da vida – e da minha vida. O autor alerta que falta em quase todos os seres humanos a paciência para “saber esperar”.

Penso na humanidade apressada e impaciente e, ao mesmo tempo, no outro extremo, uma humanidade apática, aguardando passivamente alguns desfechos, muitas vezes confiando em que os demais resolvam o problema. Vem à minha mente a histórica falta de atitude de alguns povos europeus para evitar grandes guerras, ou a impaciência, associada a outras deficiências – como a intolerância e a vaidade – que também foram trágicas.

Penso agora em minhas atividades rotineiras. Quanto tempo dedicar a elas para que fiquem bem feitas, sem deixar terreno para a vaidade disfarçada de perfeccionismo? Deus já nos informou o tempo exigido por alguns processos, como, por exemplo, o período de gestação das novas vidas. Mas, em muitas outras situações, precisamos ser observadores perspicazes para definir se intervimos ou aguardamos um melhor momento. Veja-se a falta de paciência na interrupção da fala da criança, com o tradicional “Já sei o que você vai dizer!”, o que pode marcar para sempre seu caráter, resultando em timidez e dificuldade de expressão. A impaciência da pressa também ocorre com aqueles que já perderam velocidade: os mais velhos. Colocando-me no lugar deles, fica fácil imaginar como eu gostaria de ser tratado.

E como fica, então, nosso estado interno em relação à passagem do tempo?

Os desafios são variadíssimos: quando terei retorno da entrevista daquele emprego? Quando o chefe vai reconhecer meu trabalho? Quando meu próprio negócio alcançará viabilidade – ou quando surgirá um forte concorrente? Quando conseguirei terminar aquela tarefa que já quase caducou? E minha casa em construção, em reforma, quando ficará pronta? Quando conseguiremos fazer aquela viagem que a pandemia adiou? Quanto tempo ainda conviverei com essa pessoa que amo tanto? Afinal, qual o tamanho do tempo que ainda tenho de vida?

Em todas as ocasiões, conscientes ou não, o jeito é esperar. Melhor do que isso, saber esperar, respeitando a espera, em movimento, em plena atividade, fazendo o possível para que, no final, tudo dê certo. Foi precisamente isto que pude retirar da lição que González Pecotche encapsulou nestas duas sábias palavras: “saber esperar”!