– Tem outro vídeo aqui que é muito legal, acho que você deveria assisti-lo – disse suavemente.

– Tenho um relatório para terminar para amanhã de manhã, não acho uma boa – respondeu.

– Mas esse vídeo só tem 5 minutos, logo depois você recomeça seu relatório – falou novamente.

– Olha! Chegou um novo e-mail! Leia! Leia! – balbuciou um outro.

– Mas e o relat…

– O telefone está tocando! – interrompeu-o um terceiro, enquanto atendia o telefone.

É isso o que acontece com quem, ao ter de cumprir com uma responsabilidade, vê-se surpreendido por chamados “invisíveis”, que o levam a desatender aquilo a que ele se propunha.

Esses “interlocutores invisíveis” são chamados “pensamentos” e habitam a mente humana, influenciando sua vontade e pulando de uma mente à outra, a ponto de se poder afirmar que são entidades com vida própria.

Sejam eles próprios ou alheios – vindos de um amigo, um livro, um filme, uma propaganda ou notícia –, se não aprendermos como “conhecê-los, identificá-los, selecioná-los e utilizá-los com lucidez e acerto” (Logosofia: Ciência e Método, p.55), somos levados por eles a fazer algo que não queremos, postergando compromissos que firmamos com nós mesmos ou com um semelhante1. Fazer um regime, por exemplo, ou concluir um trabalho, aprender a tocar um instrumento, visitar um amigo, etc.

Qual é a consequência disso tudo? …Que se perde tempo! Esse que é tão valioso para o ser humano, sendo correto afirmar que tempo que se perde é vida que se vai sem perspectiva de retorno. Ele nos falta então porque o malgastamos, dando atenção a pensamentos intranscendentes; ou seja, distrações que não possuem valor ou às quais não damos continuidade na vida.

Sobre isso, afirma o autor da Logosofia:

O tempo se perde, em grande parte, quando não se faz nada; quando a mente divaga ou não pensa. Tempo que se perde é vida estéril, que não merece sequer a honra de ser recordada. Eis um chamado de atenção para aqueles que lamentavelmente malogram seu tempo”.

A administração do tempo é fator preponderante na vida. É preciso ganhá-lo como o pão; e ele é ganho quando se vive conscientemente. Viver assim é manter, em tudo o que se faz, uma permanente atenção.” (livro Exegese Logosófica, p.102)

Como eu posso, então, aproveitar melhor o meu tempo?

Como evitar que esses pensamentos me interrompam de forma inoportuna, como aconteceu ao pobre protagonista da situação apresentada inicialmente?

Não é tarefa fácil e requer esforço. Se meus pensamentos me dominam, devo fortalecer minha vontade para passar a dominá-los, assim como o halterofilista exercita seus músculos para dominar pesos cada vez maiores e mais pesados. A diferença é que a massa que há de sustentar a vontade, diferente das proteínas para os músculos, é o conhecimento.

Alimentada pelo conhecimento, a vontade pode exercer seu domínio pleno sobre os pensamentos e, assim, naturalmente, aproveita-se melhor o tempo.

Vale esclarecer que esses conhecimentos não são os tratados na academia de ciências ou em sala de aula, mas sim aqueles ligados à própria vida do ser humano, que dela fazem parte e aos quais ele pode dar continuidade indefinidamente, não importando a profissão que exerça, o lugar onde esteja e a pessoa que o acompanhe. É o conhecimento de si mesmo, ou seja, de seus pensamentos, virtudes, deficiências a superar e aptidões a serem criadas.

Vê-se então que, tendo posse dos conhecimentos apresentados pela Logosofia que se encaixam perfeitamente nos descritos acima, o protagonista de nossa história poderia encarar a confecção de seu relatório com mais liberdade e confiança, sem a influência nociva de um ambiente mental desgovernado.

Por fim, há de concluir o leitor que o tempo é um amigo para quem tem o conhecimento de como torná-lo útil e se esforça por fazê-lo com consciência, sabendo por que se faz esse esforço. Esse estímulo é naturalmente o mesmo que alimenta a vida do ser humano — o de evoluir rumo à perfeição.


Augusto Salles é casado, tem uma filha, é empreendedor e consultor de negócios. Gosta de ajudar pessoas, é criativo e tem interesse em temas ligados a ciência, universo e concepção humana. Iniciou seus estudos de Logosofia em 2008 e sente gosto em poder compartilhar experiências e aprendizados que teve com essa ciência.