Ao observar o trânsito fluindo ordenadamente nas ruas de uma grande cidade, refleti sobre a causa de tal ordenamento. Constatei que tudo se devia à regência das leis que estavam sendo obedecidas por todos os participantes daquele cenário.

Recordei que, embora milhões de pessoas em todo o país consigam alcançar suas destinações diárias de trabalho, estudo e lazer, cumprindo as leis do trânsito em seus deslocamentos, alguns fazem uso do livre-arbítrio, contrariando-as e provocando eventualmente acidentes desagradáveis que destoam da ordem geral.

Essas leis surgiram da necessidade de organizar a vida em uma sociedade cada vez mais complexa e orientar a melhor conduta social em benefício de todos.

Continuando minhas reflexões, pensei que, se esse simples aspecto da vida urbana tem a regularidade e a harmonia de seu funcionamento garantidas pela existência de leis, o que asseguraria o desenvolvimento e a evolução harmônica de toda a vida universal por tantos bilhões de anos?

Não há a menor dúvida de que o funcionamento regular e ordenado dos átomos, das moléculas, das células, dos órgãos biológicos, dos sistemas planetários, das galáxias, e até da psicologia humana, deve-se à regência de leis lógicas, matemáticas, perfeitas e inexoráveis.

Mas que leis são essas? Onde estão escritas? Quem cuida da sua observância?

Tais leis vêm atuando desde os primórdios do Universo, antes mesmo do aparecimento do homem no cenário da Criação, demonstrando que são universais e permanentes. Elas independem da presença de seres inteligentes, capazes de lhes conhecer, pertencendo a uma realidade que se situa acima da ciência humana.

O surgimento de seres inteligentes na vida universal em nada alterou a regência dessas leis, que, a partir de então, passaram também a governá-los, mesmo que estes ignorassem completamente sua realidade.

Com o estudo da Ciência Logosófica, tenho aprendido que essas leis têm a finalidade de assegurar o cumprimento dos objetivos da vida universal. Elas regem automaticamente todo tipo de manifestação universal, inclusive a de um ser detentor de livre-arbítrio, que, por isso mesmo, tem a capacidade de lhes contrariar, como ocorre com as leis do trânsito, igualmente em prejuízo próprio.

Com efeito, todos os problemas enfrentados pela criatura humana, seja de ordem individual — como adversidades, reações negativas, sofrimentos — ou coletiva — como desentendimentos, violências, guerras — resultam exclusivamente do descumprimento dessas leis, devido ao desconhecimento de sua existência e seu funcionamento.

Apenas a título de exemplo, a Logosofia ensina que, nas relações consigo mesmo e com os semelhantes, o ser humano está sujeito à influência direta das Leis de Evolução, Causa e Efeito, Movimento, Mudanças, Herança, Tempo, Correspondência, Caridade, Lógica e Adaptação.

Tais leis, que não necessitam de fiscalização externa por integrarem o mecanismo de toda a estrutura do Universo, regem de forma lógica tudo o que existe, em uma relação universal de causas e efeitos presentes em todos os atos físicos e psicológicos da existência — inclusive os que dizem respeito à vida humana em todas as suas manifestações.

Além do livre-arbítrio, o ser humano foi dotado de um sistema mental e de um sistema sensível que lhe permitem conhecer as funções e os mecanismos dessas leis, ajustando sua vida a seus sábios princípios para se harmonizar com o aperfeiçoamento permanente da vida universal, em sua constante evolução rumo à culminação de sua criação.

Portanto, ao fazer uso do livre-arbítrio, sem o conhecimento desse mecanismo, o homem pode cumprir ou contrariar a ordem universal, tornando-se merecedor de consequências positivas ou negativas, na exata medida de seus atos.