Recentemente, em visita a um familiar, identifiquei claramente em mim, a herança de uma característica negativa que ainda hoje insiste em fazer estragos.
Penso que minha mãe, atenta a essa tendência, procurava me estimular ao estudo e a realizar algumas tarefas da casa. Quando eu tinha apenas 13 anos, ela me levou a um escritório para que eu aprendesse contabilidade. Costumava dizer-me que eu deveria estudar, ter um bom emprego, ganhar o suficiente para ter um destino diferente do dela e não ser apenas uma dona de casa.
Mudanças da rotina
E, assim, o fiz por toda minha vida. Recentemente, com a chegada do isolamento social, tive que assumir as tarefas da casa. E foi quando um pensamento pulou: O quê? Você que sempre teve alguém para lhe auxiliar, agora vai ficar na cozinha o dia inteiro, higienizando compras, lavando louças, fazendo comida? Você não tem que fazer isso! Você precisa estudar, ler, assistir um bom filme e cuidar das finanças.
Com esse pensamento, minha reação foi reclamar o tempo todo! Fazendo tudo com desagrado e má vontade. Tentava convencer a mim mesma que nesse momento era necessário assumir as tarefas da casa, mas não tinha força suficiente para calar os pensamentos. Essa atitude dificultou muito a convivência familiar e eu precisava consertar isso de algum modo.
Aprendendo a adaptar-se
Para a Logosofia, pensamentos são entidades psicológicas animadas que cumprem um papel preponderante na vida humana.
Com o estudo logosófico sobre as deficiências psicológicas observei que, com frequência, a falta de vontade se faz presente no princípio de execução de todo propósito de bem. A causa desse mal está na preguiça feita hábito, e que é preciso resolução para enfrentá-la. Resolvi enfrentar a falta de vontade! Pus-me a pensar em como enfrentá-la!
Recordei um ensinamento logosófico, muito apropriado ao momento, que ensina que é necessário acostumar-se a fazer todas as coisas, até as menores, com verdadeiro gosto e jamais com desagrado. Não fazê-las friamente, nem realizá-las por obrigação.
Mas onde está a importância de realizar as tarefas de casa com verdadeiro gosto? Neste caso, pensei que além de colaborar para um ambiente harmonioso, uma convivência feliz, tinha o propósito de combater o pensamento de preguiça, de indolência, que paralisa os recursos ativos da vontade.
Observei que tal pensamento me levava a uma passividade nociva que afetava a minha psicologia, tornando-me improdutiva em outros aspectos de minha vida. Tive em conta que de alguma forma também prejudicava a execução do mais importante projeto que me propus realizar nesta etapa de vida: o processo de evolução consciente mediante a superação de mim mesma.
Assim, tenho experimentado uma sensação de triunfo e de alegria a cada momento que, atenta, faço as pequenas coisas com gosto e não deixo que o pensamento de preguiça ou indolência permaneça no cenário mental.
Nesse exercício diário, estou criando o hábito do controle do pensamento para desembaraçar-me de uma vez por todas, dessa falha psicológica.
Cultivar a virtude de fazer todas as coisas com gosto é se inspirar em Deus, que fez tudo o que existe com verdadeiro amor.