Nasci em uma época em que não havia internet ou redes sociais. Ao prestar o vestibular, fiquei com uma dúvida sobre qual carreira seguir. Busquei informações em livros, revistas, orientações de professores, dos meus pais e também em testes aplicados pela escola. Em cada uma dessas fontes, encontrei elementos úteis que ampararam a minha escolha.
E hoje? Como um jovem pode encontrar auxílio para uma decisão tão importante?
Outro dia, uma professora me contou que, ao perguntar a um aluno de dez anos o que ele queria ser quando crescesse, ele respondeu: “Quero ser influencer!”
Ao ouvir esse relato, pensei: será que a resposta dessa criança reflete um costume da época? Afinal, o que é normal para a época pode não ser normal para a vida? Como pais e educadores podem se posicionar diante dessa nova realidade para orientar os jovens na escolha da profissão?
Para responder a essa indagação, procurei entender melhor a atividade de influencer. Descobri que ela possui diversas vertentes e características. Compreendi, em resumo, que, embora muitas vezes desvirtuada, pode ser exercida com seriedade. Hoje, inclusive, trata-se de uma atividade relevante no campo da publicidade, adotada por muitas empresas como principal meio de divulgação de seus produtos e serviços.
Diante desse novo panorama, seria adequado considerar “normal” que uma criança de dez anos queira ser influencer? O que, então, devo considerar como fundamental na escolha de uma profissão?
A Logosofia ensina que a mente da criança é terra virgem e fértil, na qual é preciso semear boas sementes que contenham os elementos necessários ao seu desenvolvimento saudável. Nesse sentido, quanto melhores os exemplos, assim como os elementos de observação e bons conceitos que a criança tiver, melhores serão suas escolhas.
Tratando-se da escolha de uma profissão, tenho aprendido que ela não deve se basear apenas em objetivos efêmeros ou materiais, mas deve estar direcionada a ideais superiores, sustentados por conceitos que remetam à responsabilidade sobre o próprio destino e o sentido da vida.
Assim, ainda que novas profissões surjam constantemente, seja no mundo virtual, seja em outros campos, o auxílio de pais e educadores seguirá sendo de fundamental importância para a boa formação das crianças e dos adolescentes.
Ao apoiar o jovem em suas escolhas, é essencial oferecer recursos técnicos, morais e éticos, e favorecer o desenvolvimento de suas próprias virtudes, para que, em suas experiências e no exercício do livre arbítrio, possa dar passos firmes e seguros.
O jovem deve se preparar para viver aquilo que quer ser, adquirindo conhecimentos sobre o seu mundo interno, identificando aptidões e descobrindo o que mais o realiza e pensando em fazer o bem a si mesmo e aos demais, seja qual for a atividade profissional escolhida.
O bem, o respeito, a prudência e o conhecimento são valores que devem estar presentes em qualquer atividade profissional e orientar todas as escolhas.
A escolha profissional – como influencer ou em qualquer área – não deve se fundamentar no caminho mais fácil ou lucrativo, mas em conceitos verdadeiros, válidos hoje e no futuro.
O que é normal para a época, portanto, pode ou não ser normal para a vida; cabe a cada um, com o amparo do conhecimento, distinguir as melhores alternativas para conduzir sua própria existência.