Somos livres para pensar e fazer escolhas?
Em 2013 fui acometido de uma grave doença, circunstância pela qual tive de me submeter a um procedimento cirúrgico que me obrigou a permanecer em uma UTI durante 11 dias. Dias longos, sem mobilidade, dependente dos cuidados de atenciosos e competentes profissionais, mas à mercê dos pensamentos de meu mundo interno, vários deles de índole negativa, depressivos, intolerantes, impulsivos.
Com os estudos de Logosofia, tive contato com um pensamento do autor, que “me sacudiu” e despertou, provocando profundas reflexões. Com isso pude entender um pouco melhor o porquê desses fatos:
“A vida é um espelho onde se reflete o que o ser pensa e faz, ou o que os pensamentos próprios ou alheios o levam a fazer”.
Eu entendia que sim, que minha vida era um reflexo do que eu pensava e das escolhas que fazia, apesar de algumas vezes me arrepender delas, por desgostar das atitudes tomadas: seja por ter falado demais, magoando pessoas do meu relacionamento diário, seja por falar de menos, não levando a palavra possível para confortá-las.
Já vivenciaram algo assim? Reuniões difíceis, em família, com amigos ou mesmo de trabalho, nas quais ao final os resultados não são muito favoráveis, chegando a ser até mesmo catastróficos, com discussões, palavras mal colocadas e mal recebidas?
Eu vivia esses fatos e não entendia muito bem a razão de serem assim. Muitas vezes me arrependia; em outras, a situação se agravava e as contrariedades aumentavam.
Pude então entender que havia uma realidade à qual eu estava alheio e que deveria conhecer melhor: a realidade do meu mundo interno. Nele habitam pensamentos próprios, como também pensamentos alheios à minha criação, à minha vontade, aos meus elevados propósitos de bem, e que podem me levar a escolhas e atitudes das quais me arrependo depois.
Possuir este conhecimento tem mudado profundamente minha forma de atuar em determinadas circunstâncias, pois, estando mais atento à minha realidade interna e aos pensamentos que ali gravitam, posso identificá-los, classificá-los e escolher os melhores. Eu não sou o pensamento da timidez, do medo, da inconstância, da intolerância; sabendo, contudo, que tenho esses pensamentos em meu mundo interno, em minha mente, posso combatê-los por meio do conhecimento adquirido.
Esse conhecimento me deu recursos para enfrentar as dificuldades vividas naquela UTI. Atento à minha realidade interna e à atuação dos pensamentos negativos, consegui identificá-los, classificá-los e combatê-los, criando outros que me permitissem viver aquele momento de forma mais serena. Afinal, a operação havia sido um sucesso, e eu estava sob os cuidados de ótimos profissionais. Foi aí que, com a consciência no comando, comecei a planejar o futuro: em breve sairia dali para curtir a família, a formatura de minha filha, que aconteceria em meados do ano seguinte (2014), e, assim, durante todo aquele período, comecei a viver antecipadamente os momentos felizes que haveriam de acontecer. Busquei também a companhia de pensamentos gratos, das recordações de momentos felizes vividos em família.
Pude, então, comprovar a força que esses conhecimentos trazem para a vida e compreendi que, ficando alheio ao que ocorre em minha mente, desconhecendo a forma de exercer um severo controle sobre ela, não poderei jamais afirmar que sou dono de mim mesmo e que penso livremente!