Certa vez, eu perguntei a meu pai o que ele pensava ser a paz. E ele me escreveu assim:

Somente um amor profundo e paciente é capaz de trazer ao mundo este grande bem: a paz.   

Suas palavras fizeram todo sentido! Mas como aprender a cultivar esse amor profundo e paciente?  

Embora a paz sempre tenha sido importante para mim, eu não sabia como a definir nem conquistá-la. Observava que era uma palavra presente na fala de todos, mas pouco entendida e experimentada em sua real essência. 

Recordo-me de um fato muito interessante que marcou minha infância e juventude. Meus irmãos e eu ouvíamos, ano após ano, nossa mãe dizer que o presente que ela mais gostaria de ganhar em seu aniversário era paz e tranquilidade. Mas como lhe dar de presente paz e tranquilidade?  

Com o tempo, fui entendendo que a paz que ela tanto desejava era, na verdade, a preciosa harmonia familiar. Se queríamos realmente oferecer essa paz, deveríamos conduzir bem nossas vidas, promovendo serenidade e alegria no ambiente do lar, para que ele fosse sempre um oásis de paz. Isso seria possível?  

Como podemos contribuir para não prejudicar a harmonia nem prejudicar a paz que deveria reinar ali? Nunca me aprofundei nessa questão; apenas observava que, às vezes, nossas manifestações equivocadas interferiam no ambiente,  gerando incompreensões e aborrecimentos. 

Acho até que eu tinha um leve entendimento do que haveria de ser a paz, mas me faltavam conhecimentos para compreender o profundo significado dessas três letras, que formam uma palavra de elevado conteúdo e que é a chave para a felicidade que toda a humanidade necessita alcançar.  

A Ciência Logosófica nos convida a estudar e praticar, no seio da família, o conhecimento e o adestramento consciente das aptidões mentais e psicológicas. Um ambiente de discórdia,

por causa de antagonismos de modalidades, diferenças de gostos ou opiniões, bem como por ausência de toda vontade de conciliação, vai mudando gradualmente pela ação harmonizadora e criadora do ensinamento logosófico, até alcançar aquela dourada concórdia, que só se manifesta quando a compreensão, o respeito e o afeto se fazem presentes. CIL 155 

 

O que sei hoje sobre a paz? O que tenho realizado em minha vida para sentir e proporcionar a paz não só nos aniversários de minha mãe, mas constantemente à minha volta? Que elementos de valor devem permear nossas ações, fazer parte de nosso caráter e se expressar sempre, em qualquer circunstância? Como pode haver paz em um ambiente onde reina a competição, a vaidade e a indiscrição? Onde os ânimos se exaltam e não se chega a nenhum acordo? Como conseguir paz se a minha opinião deve sempre prevalecer?  

Quando aprendemos a conhecer os pensamentos que nossa mente abriga, a selecionar os melhores e a controlar e debilitar a ação negativa que eles exercem, substituindo-os por pensamentos opostos, alcançamos maior equilíbrio interno e melhores condições para preservar o ambiente externo. É fácil? Não, não é. Mas é possível e compensador. 

Para superar os momentos difíceis no exercício da convivência diária no ambiente do lar, tenho utilizado o respeito, a conciliação das diferenças, a generosidade, a alegria e uma vontade forte de fazer prevalecer o bem.  

Se cada indivíduo se ocupasse em cultivar a paz dentro de si e a estender aos seus semelhantes, certamente não seria necessário delegá-la aos órgãos governamentais para ser estabelecida entre todos. 

Voltando à questão de que um amor profundo e paciente seria uma forma de trazer paz ao mundo, podemos inferir que é imprescindível começar a cultivar a tolerância, a paciência e a constância, elementos básicos para esse amor. Assim, gradualmente, essa possibilidade de paz poderá se transformar na mais bela realidade em nossas vidas e em toda a humanidade.