Na vida há registros diversos que contam a história de cada um. São fragmentos dispersos que falam de aspectos da vida pessoal que dificilmente são associados entre si durante a vida.

Assim que nascemos, um primeiro registro é feito numa certidão, com o nome que passam a nos identificar. Nela constam os nomes do pai, da mãe, data, hora, local e cidade do nascimento etc. E justamente a partir da data, hora e local do nascimento se pode fazer um mapa astrológico, que registra a configuração das estrelas e planetas naqueles momentos de chegada, e ali se faz uma correlação entre as influências dos astros e determinadas tendências, perspectivas e oportunidades na vida do ser.

Logo nos primeiros meses de vida, se recebe várias vacinas que ficam registradas em uma caderneta que nos acompanha na vida. Nas cadernetas escolares se escrevem as condutas acadêmicas. E em seus boletins, as notas que nos conferem a passagem para novo ano letivo.

Vamos crescendo e outros documentos acompanham nossas vidas: cédulas de identidade, CPF, título de eleitor, carteira de motorista, passaporte etc. Com essas diferentes identificações nascem um sem-número de registros em cadastros diversos como o comparecimento às urnas, os países visitados ou as infrações na condução de veículos.

E há registros que cada um pode desenvolver para fins particulares: curriculum-vitae, diários e biografia, por exemplo. Neles se assinalam nossas experiências pessoais acumuladas para fins diversos e até mesmo para a posteridade.

Para que servem todos os registros da Vida?

A partir dessas observações fiz uma reflexão mais profunda. Há muito me questiono sobre essa diversidade de registros feitos durante minha vida física. Para que serve tudo isso afinal? Por que se busca tanta identificação e informação sobre os nossos atos?

A ciência tem demonstrado que além desses registros que identificam o ser no meio social, há aquele que é único em cada ser: o chamado código genético ou genoma. Nesse caso, há uma clara possibilidade de identificar a herança genética, transmitida pelos ascendentes. No nascimento, cada um recebe de herança algumas características físicas e psicológicas dos pais e das linhas hereditárias a que pertence, por uma lei ditada pela Natureza.

Será que o Criador não entregou à raça humana como herança algo mais que o código genético que nos identifica e nos individualiza? Que atributos seriam esses que somente o ser humano tem diferentemente de todas as outras espécies vivas?

As características do gênero humano

Essa reflexão, auxiliada por outros estudos da Logosofia, me fez compreender que somos todos herdeiros do Criador e que todos os seres humanos são irmanados por essa paternidade universal. Há atributos que nos são comuns e outros que nos singularizam.

Todos nascemos dotados dos mesmos recursos internos. A primeira evidência desse legado é que todos temos uma grande capacidade de pensar utilizando um engenhoso e maravilhoso mecanismo mental e sensível. E com ele temos o poder de criar à semelhança do Criador.

Mas há coisas que nos diferenciam e nos individualizam. Além do genoma físico, quando chegamos ao mundo trazemos vocações, tendências e dons. E somos dotados do livre arbítrio. Cada ser humano é livre para utilizar esses recursos internos. E cada um tem a prerrogativa de criar um mundo dentro de si mesmo. Tudo isto diferencia um do outro.

Não seria lógico que, quando nascesse, o ser recebesse uma certidão de nascimento emitida pelo Criador que nos conferisse uma identidade?

A certidão universal de existência

Compreendi que essa certidão é emitida no primeiro momento de nossa existência. Mas em cada etapa de vida física acumulamos conhecimentos que se tornam dons, vocações e tendências que são herdadas na etapa seguinte. Em cada etapa, nosso espírito vai sendo enriquecido formando nossa individualidade. Vamos formando uma espécie de currículo onde ficam marcadas todas as nossas experiências humanas.

Quando cheguei a esse mundo eu ignorava este currículo e tudo o que está registrado nele.

Quando cheguei a esse mundo eu ignorava este currículo e tudo o que está registrado nele. E sequer sabia que eu teria a condição de ir enriquecendo esse ser interno durante essa vida para toda minha existência.

Com os estudos de Logosofia fui aprendendo que a consciência vai traçando os registros com caneta de ouro e letras que não se apagam no tempo. Que seria possível escrever minha própria herança ampliando minha caderneta para todas as vidas ao longo da existência. Na consciência fica registrado tudo de positivo que acumulamos. E mesmo os erros e faltas cometidos, que, uma vez superados, se tornam virtudes e novas aptidões.

Os registros que tenho aprendido a fazer

Tenho concluído que a consciência precisa ser despertada para que sejam reconhecidos ou se revelem os valores que se herdam de cada etapa de vida. Despertando a consciência, é possível recordar esses registros do passado como tesouros, conectando todas as virtudes e aptidões em graus cada vez maiores que vamos atingindo a cada etapa de vida.

Entendi também a necessidade de eu fazer meus registros íntimos para ir pautando as minhas mudanças no caminho do aperfeiçoamento como preconiza o método logosófico. Essas mudanças vão se constituindo numa trajetória enriquecida com conhecimentos que, transformados em mais virtudes e aptidões, vão formando nossa individualidade.

Com essa reflexão consegui entender o mistério da Lei Universal de Igualdade. Todos recebemos do Criador os mesmos atributos e prerrogativas, mas cabe a cada um, através do esforço, torna-los uma realidade em si mesmo. Tudo que fizermos, reproduzindo no exemplo e na conduta, entram nesses registros, diferenciando cada vez mais um ser humano do outro, como os irmãos que seguem caminhos distintos, e com variantes diferentes.

E compreendi algo da Lei de Herança. Essa lei, tenho aprendido, tem um mecanismo que é a herança de si mesmo; e se somos conscientes, podemos contar com essa herança de antes, aperfeiçoá-la durante a nossa vida no planeta Terra e preparar nosso futuro com uma herança melhor.

A partir daí todos aqueles registros, físicos ou não, podem ser relacionados. E passam a fazer sentido, porque em cada campo de atuação de nossa vida, um registro pode influenciar o outro.

Em rápidas palavras, assim descrevo o processo de evolução consciente ensinado pelo Mestre Raumsol, que nos faz atingir a cada etapa de vida, níveis maiores de consciência, na direção do aperfeiçoamento e a cada dia ser mais criador de si mesmo, se assemelhando ao nosso Criador, que tudo nos deu quando começamos a existir.

“O homem será o que quiser ser, se unir a seu saber e a suas forças o conhecimento da própria herança.” A Herança de Si Mesmo, contra-capa