Num dia inesquecível, imerso na observação do céu, veio-me uma pergunta que ao mesmo tempo parecia conter uma resposta: se me foi permitido contemplar com verdadeira admiração e emoção essa imensidão, será que não faço parte dela, física e eternamente, também? 

  

Na escola pública, aos sete anos, ouvi falar em Deus. O catecismo… pronto. Não tinha mais o que me preocupar pela vida inteira. Esse era Deus e seu reino. Tendo fé, iria para o céu apesar dos meus “pequenos defeitos”. 

 

Na juventude, vi que não era bem assim na realidade do meu dia a dia. Existiam dúvidas para serem esclarecidas. Uma série de fatos eloquentes desde a infância demonstravam que eu tinha de buscar, de saber e de me integrar com Deus, através do conhecimento superior, de uma conduta e comportamento meritórios. Deus era de uma imensidão e sabedoria muito maior do que me informaram. 

 

Vai ver que era por isso que existia um vazio tristonho na minha vida — uma inquietação e um desassossego. 

 

Em outra época, compreendi que eu era uma entidade criada pela Mente Cósmica, configurada com uma parte humana física e outra parte divina, localizada dentro do meu mundo interno. A primeira mortal e a segunda imortal. Eu queria ter a certeza de ser imortal. 

 

Dentro de mim havia também uma outra realidade. No decorrer da vida, fui observando que algo me levava para o bem e para ser melhor, tanto em relação a mim quanto aos demais, a querer evoluir, superar e aperfeiçoar-me. Dar um sentido superior à minha vida. Veio à minha mente: Deus não é Amor? Se tenho amor pelo bem, vai ver faço parte Dele. 

 

Por um lado, queria o bem, mas era fortemente assediado por pensamentos negativos. Sendo assim, eu agia também com meus defeitos e deficiências. Então me entristecia, agia mal, errava, sofria e não entendia as causas de tanta desorientação. 

 

A primeira comprovação de que eu trilhava um caminho interessante foi um bem-estar, uma alegria, porque aprendi que nada muda no meu interno sem a realização de um processo. No caso, o processo de evolução consciente. 

 

Querer o meu bem e o dos demais seres, através da superação dos meus defeitos, não é o caminho de buscar Deus e de me aproximar Dele? Deus não é o Amor Universal? 

 

Muitos se perguntam como pode um mundo tão inteligente não obter resultados significativos na moral, na ética e no espiritual.  Como não há mais bondade no vínculo de semelhante a semelhante, nas famílias e na humanidade. 

 

A resposta é clara. A dedicação e o esforço humano foram encaminhados somente para o mundo físico, para fora de si mesmo. Para o nosso interno, tudo ficou estancado. 

 

As grandes questões e a sabedoria nesse campo interno procuraram buscar no externo. Um grande equívoco. Cada ser tem que voltar seus olhos para dentro de si mesmo. 

 

Encerro com um trecho do livro “O Espírito”, do capítulo “Concepção Logosófica de Deus”, que é uma demonstração eloquente da superioridade do nosso mundo interno. 

“Deus tem seu altar no seio da Criação, e o tem também em cada coração humano. No primeiro oficiam as potências cósmicas; no segundo, a consciência individual. Ali, nesse altar, a alma formula suas indagações, dissipa suas dúvidas, percebe a presença do espírito e determina níveis cada vez mais altos para seu comportamento”.