Imagine três estrelas “dançando” em um balé cósmico, cada uma atraindo e repelindo as outras em uma coreografia imprevisível. Assim são alguns pensamentos em nossa mente. Mas como transformar esse “caos” em harmonia?
Na física clássica, o “problema dos três corpos” tenta explicar o movimento de corpos interagindo gravitacionalmente. Um sistema de dois corpos é facilmente calculado e compreendido, com suas órbitas e movimentos bem definidos. Porém, adicione um ou mais corpos nessa equação e o caos surge.
Podemos fazer uma analogia, relacionando esse problema da física com a nossa própria mente. Nela, pensamentos úteis e inúteis agem como forças invisíveis, influenciando nosso comportamento.
Em momentos de atenção e concentração, em que um pensamento central serve de estímulo para nossos esforços, sabemos onde queremos chegar e o que devemos fazer para alcançar um propósito. Entretanto, quando um turbilhão de pensamentos tumultua a mente, fica difícil definir um caminho a seguir, e o caos mental se instala.
Voltando para a física, se um sistema com mais de dois corpos se torna imprevisível, como podemos estudar o sistema solar com tantos planetas, satélites e asteroides?
Ao estudar o movimento da Terra ou de qualquer outro planeta ao redor do Sol, o sistema pode ser simplificado. O Sol corresponde a 99,86% da massa total do Sistema Solar; assim, qualquer interferência dos corpos menores sobre ele é praticamente desprezível.
É possível analisar o movimento dos planetas ao redor do Sol individualmente, como se os demais não causassem interferência, obtendo resultados muito próximos da realidade.
Então, como extrair dessa imagem uma analogia para a minha vida?
Tenho aprendido, com o estudo logosófico, a cultivar um pensamento propósito. Assim como o Sol no Sistema Solar, esse pensamento deve ter uma “massa” com ordem de grandeza muitas vezes maior que a dos demais, de forma que todos os outros pensamentos orbitem ao seu redor.
Uma vez criado o pensamento propósito, é necessário alimentá-lo e fortalecê-lo para que atue em minha vida na maior parte do tempo. Dessa forma, os demais pensamentos presentes na mente passam a obedecer a esse ideal de aperfeiçoamento. Enquanto isso, os pensamentos que não são afins ao pensamento propósito são lançados para fora de órbita, perdem força na mente.
Esse entendimento foi muito útil em um momento da minha vida, quando precisei tomar uma decisão.
O dia a dia de um universitário – com aulas e provas, além da vida profissional e social – tomava conta da minha mente quase 24 horas por dia. Além do cansaço, observava que estava estagnado, preso à rotina, sem evoluir. O caos instaurado pelos pensamentos me levava à inércia.
Certo dia, fiz o propósito de que deveria sair desse estado de inércia mental. Decidi pôr em prática um conhecimento que estava adquirindo com o estudo da Logosofia: minha conduta deveria estar de acordo com esse pensamento propósito.
Primeiro, procurei identificar os pensamentos que estavam na minha mente e quais não estavam de acordo com ele. Esse trabalho foi essencial para mudar meu comportamento. Depois, buscando o equilíbrio, dediquei menos tempo a eventos e festas que não estavam de acordo com meu propósito.
Procurei também fazer pequenas alterações na minha rotina diária, buscando otimizar o tempo. Determinei-me a resolver as pendências profissionais e as atividades da faculdade em um período estabelecido, sem deixar que os pensamentos relativos a elas dominassem minha mente por mais tempo do que o necessário.
Ter um propósito, identificar os pensamentos que dominam minha mente e selecionar aqueles que são afins com meu pensamento propósito tem me possibilitado aproveitar melhor o tempo em favor do meu aperfeiçoamento como ser humano.
Ao cultivar um pensamento propósito que atraia, com sua gravidade, pensamentos de igual índole, crio uma órbita mental que me permite ser uma pessoa melhor, evoluir rumo à perfeição e me tornar um verdadeiro servidor da humanidade.