Estávamos no final do ano de 1985 e a notícia que mais circulava era sobre a passagem do cometa Halley — um evento aguardado com muita expectativa, porque sua última aparição havia sido em 1910. 

Acompanhada por um grupo de jovens amigos, partimos para uma cidade menor, onde havia um observatório astronômico, que permitiria ver o cometa com mais nitidez. 

Durante o trajeto, e movidos pelos estímulos vindos de tudo o que já sabíamos sobre a tão esperada aparição, falávamos sobre o universo, os astros, as galáxias e como aquilo tudo se organizava e movimentava-se com tanta harmonia. Quem ou o quê coordena tudo? Existe uma sabedoria universal que estabelece um ritmo próprio aos astros? Como o cometa Halley segue na mesma rota, 76 anos depois?  Como isso funciona? 

Apesar de não termos conseguido visualizar o cometa, tal qual a nossa imaginação previa — com uma linda e brilhante cauda —, a viagem e as longas conversas com os amigos foram muito boas.  

Desde aquele dia, iniciei a busca pelo conhecimento, partindo de inquietudes e perguntas que passaram a fazer parte da minha vida: onde o universo se situa? E como se dá sua expansão? As engrenagens universais funcionam tão perfeitamente! Então, quem as organiza? Quem as criou? Existe vida em outras partes do universo, tal qual eu conheço no planeta Terra? Por que as órbitas dos planetas são tão regulares e perfeitas, apesar da velocidade com que eles se movimentam? 

Passados alguns anos, conheci a Logosofia e os seus ensinamentos conduziram-me a refletir sobre aquelas inquietudes da juventude e sobre a vontade de conhecer aquilo que está mais além. Um ensinamento tocou-me especialmente, por ter conectado-me com algo que eu trazia dentro de mim:

Exceto Deus, como Criador Supremo do Universo, tudo o que existe tem sua semelhança e sua correspondência direta com outras criações análogas.  

Compreendi que deveria conhecer mais a criação para chegar às respostas que tanto buscava. E por onde começar?  Eu deveria começar conhecendo a mim mesma, conhecendo como funcionam as engrenagens do meu sistema mental, para compreender como funcionam as engrenagens universais; deveria conhecer como o tempo, o movimento e a lógica funcionam dentro de mim, para compreender como funcionam igualmente no universo; compreender como o amor nasce e cresce dentro de mim, para compreender o amor com que todas as coisas foram criadas. 

Neste caminho evolutivo, em que busco o conhecimento de mim mesma, eu aprendo sobre as forças que atuam na minha mente e sobre os elementos com os quais realizo o ato de pensar, além de compreender como estes saberes influenciam minha conduta e a convivência com os semelhantes.  

Ao voltar o meu olhar para dentro de mim, vislumbro a imensidão do meu universo interno. Ao estudar um novo conceito, por exemplo, tenho a oportunidade de passar por ele diversas vezes; cada vez, com a compreensão ampliada. Esse movimento remete-me à imagem de uma espiral, expandindo-se a cada volta — imagem presente em muitas coisas do universo, como nas galáxias.  

Nesse universo interno, tenho oportunidades de fazer contato com o mundo metafísico, porque sei que é lá onde encontro e identifico-me com meu próprio espírito.  

Nem todas as minhas inquietudes e perguntas da juventude obtiveram uma resposta clara. Entretanto, sigo investigando, sob a orientação dada pelo método logosófico; e nesse caminho extasio-me, comovo-me e maravilho-me, tal qual aquela jovenzinha que admirava o céu, na passagem do cometa.