Nome: Ernesto. CPF: AAA.BBB.CCC-DD. Profissão: médico. Estado civil: casado. Endereço: Rua X, nº Y, São Paulo. Quantas vezes não respondo formulários como este? Será que estes dados tão frios realmente traduzem quem sou?
Quem sou eu?
Eis a pergunta que há séculos percorre a humanidade, carcomendo as entranhas inteligentes dos maiores pensadores, chegando aos seres em geral como uma ideia já visitada (“conheça-te a ti mesmo”), mas nunca encarada com a verdadeira seriedade e colocada à prova em investigações de fato científicas e reais.
Acordo pela manhã sozinho em casa. Minha querida esposa não dormiu aqui. Ela também é médica e estava de plantão. Como gostaria de estar com ela logo cedo, acordar ao seu lado, amo-a tanto! Saudades… Este pensamento nutridor de um grande sentimento visita-me logo cedo e vem do mais profundo de meu ser. Ah, este sou eu, não tenho dúvidas! Dentro de instantes, pipocam outros pensamentos em minha mente: preciso fazer o café! O dia será cheio, tenho ambulatório de manhã, cirurgias à tarde, tenho de agendar a instalação da linha telefônica aqui em casa. A torneira está quebrada e vazando, como vou arrumar? Saio com muito o que resolver.
O dia foi duro, vivi muitas coisas. Além do cansaço mental, fiquei também fisicamente extenuado: várias horas em pé em uma cirurgia difícil e estressante, em que algo de errado poderia ter sido crucial para a vida do paciente. Chego em casa mais tarde do que o normal, sabendo que o dia de amanhã também será assim. Abro a porta. Deparo-me com os olhinhos felizes de minha amada, com um quê de expectativa com a minha chegada. Fui seco e nada afetuoso. Um “oi” chocho e um beijo rápido e tratei de ajeitar minhas coisas.
Logo percebi o que havia feito: frustrei uma expectativa dela, mas sobretudo fui contra algo dentro de mim. Por que atuei daquela forma? Onde está aquele que acordou tão saudoso de sua amada e que esperava tanto revê-la à noite? Quem sou eu: aquele ser da manhã ou este da noite que parece viver os momentos da vida sem aproveitar as sublimes sutilezas que os elevam acima do comum?
São tantos os momentos da vida que analogamente seguem uma semelhança! Diante disto, surge uma inquietante pergunta: será possível conhecer a si mesmo? Como isto é possível se, mesmo achando que me conheço bem, a cada dia vivo momentos em que pareço contradizer a mim mesmo, como se existisse algo dentro de mim que desconheço completamente?
Vejamos uma analogia. Digamos que eu adore carros, mesmo sem conhecimento técnico sobre o assunto, e que queira conhecer um modelo da Ferrari: a 458 Speciale 2014! Posso viajar à Itália, visitar a fábrica em Maranello, entrar no carro, observá-lo por dentro, por fora, ver o motor e fazer um test drive. Se tiver dinheiro posso comprá-lo e utilizá-lo por anos. Isto significaria que o conheço de verdade? Diante de uma pane – um problema na embreagem, por exemplo –, seria capaz de identificar o defeito e corrigi-lo? Se eu realmente conhecesse este carro, deveria saber consertá-lo. Mas, para saber consertar a embreagem de minha Ferrari, eu teria que saber como funciona o sistema, teria de saber tudo sobre embreagens. Ou seja, para conhecer verdadeiramente esta máquina, deveria saber tudo sobre o funcionamento de um carro qualquer, praticamente ter um vasto conhecimento sobre a engenharia automobilística.
E é exatamente isto que tenho descoberto sobre mim mesmo: é impossível conhecer quem sou de verdade sem antes conhecer o que é o ser humano, sem antes conhecer quais são os mecanismos que integram este ser extraordinariamente constituído pelo Criador, com uma vasta gama de faculdades e possibilidades, com uma natureza física e uma espiritual, com os sistemas mental, sensível e instintivo, com um mundo interno que é tão ou mais complexo do que o corpo físico, cheio de células, hormônios, órgãos e sistemas que funcionam em plena harmonia! Assim, antes de saber “quem sou”, tenho de saber “o que sou”.
Na busca deste saber, encontrei uma ciência que coloca ao alcance de todos um método original, científico, real e totalmente exequível, que tem exatamente o objetivo de guiar o ser humano na mais extraordinária e venturosa jornada de sua vida: rumo ao próprio mundo interno. Graças à Logosofia, tenho aprendido a utilizar minhas potencialidades a meu favor, vencendo pensamentos mesquinhos e ingratos, tomando as rédeas de minha vida e resgatando meu verdadeiro ser nos vários momentos do meu dia a dia. E que prêmio maior poderia aspirar do que o de não trair, nas múltiplas experiências de minha vida, os seres que mais amo e, sobretudo, minha própria consciência? Deste modo, ao me deparar com algum daqueles formulários clássicos que apresentei no início, poderia acrescentar o campo “quem sou eu”: um ser humano que quer ser cada dia melhor, mais feliz e mais útil à humanidade!