A Logosofia é a ciência do afeto, porque ensina a respeitar os sentimentos do semelhante. Ela apresenta o afeto como um grande poder, capaz de suavizar os ressentimentos, as mágoas, os golpes das adversidades, das discórdias, estendendo um vínculo de amor consciente à nossa volta. 

Há muitos anos, ouvi de uma palestrante na Fundação Logosófica algo que tocou o meu coração de mãe: “Se você não se lembrar de todos os elementos que podem favorecer a educação dos filhos, busque dentro de você um sentimento maior, uma força poderosa e que todos têm: o afeto!” 

E explicou que falava de um afeto que não era passar a mão na cabeça, mas um sentimento puro que afasta qualquer traço de severidade e brusquidão; que segura o impulso, ameniza a ira da explosão. Afeto que é respeito, compreensão, serenidade, sensatez. Uma enérgica doçura! 

Fiquei bem preocupada, pensando se seria possível fazer tal transformação em mim, aprendendo a ser mais respeitosa, compreensiva, serena, sensata, firme e, além de tudo, doce. 

Senti que precisava conhecer essa ciência do afeto. 

O convite era ser um cientista de si mesmo, estudar a própria psicologia, descobrir traços desconhecidos do nosso caráter, das nossas tendências, pensamentos, qualidades, como também nossos defeitos. 

Na minha busca individual, descobri que a Logosofia tem um método científico próprio. Como toda ciência, exige observação, investigação, experimentação e comprovação, para se chegar a um resultado.

Possui uma base teórica e um campo experimental que é a nossa própria vida. Tudo que se experimenta deve ser estudado, assim como se deve estudar o que se experimenta, os primeiros e pequenos resultados. Toda essa experiência conta ainda com duas forças poderosas: o conhecimento e o afeto. 

Para conhecer esse afeto, e tudo o que envolve esse amor consciente, precisei avaliar se minhas ações, palavras, meu jeito de ser, meus pensamentos e sentimentos eram respeitosos, compreensivos, serenos, sensatos, firmes, porém doces. 

Fui encontrando intolerância, impaciência, rigidez, vaidade, teimosia, impulsividade e, entre várias deficiências, a crença que me levava a acreditar que eu era bem melhor do que eu achava a respeito de mim mesma. 

O grande desafio tem sido educar-me, começando por investigar quem eu sou de verdade, sem as máscaras da aparência e da personalidade. Jamais pensei que poderia ser uma escultora de mim mesma, modelando minhas condições naturais, meu temperamento e meus pensamentos negativos, no intuito de reforçar as minhas virtudes. 

Venho buscando acertar na aplicação do Método Logosófico, para identificar cada um dos meus defeitos, suas causas, como e onde surgem, o estrago que provocam. É uma experimentação que exige de mim constância, paciência, disciplina, muita vontade e, acima de tudo, muito afeto por mim mesma, para não desistir —  até conseguir dominar esses pensamentos negativos e eliminá-los. 

Não é fácil, mas estou experimentando que é possível seguir a técnica de debilitar os pensamentos que afetam o meu jeito de ser – e de que eu não gosto! Aos poucos, vou trocando por uma virtude, uma qualidade. Estou aprendendo a fazer ciência na minha vida: uma experiência dura, mas sensível e recompensadora. 

Meu objetivoum propósito diário é ir ajustando a minha modalidade, preparando-me para falar, para tratar, para viver toda e qualquer situação de forma mais afetuosa. Com pensamentos ponderados, com sentimentos mais firmes e doces, com respeito, compreensão, serenidade e sensatez.