Recordo as palavras do meu querido professor Nilo, de Geografia:

Se não for para cumprir com o verdadeiro significado da vida, melhor seria ter nascido borboleta.

Grandes e luminosas palavras do meu professor! Acolhi suas palavras e, desde ali, na adolescência, eu perguntava-me continuamente: “E qual é o verdadeiro significado da vida humana?

Naquela época, recordo que observava as borboletas que coloriam a praça, voando faceiras de flor em flor. “Sim”, dizia para mim mesma, “elas cumprem o verdadeiro significado de suas vidas! Ao tocar as flores, polinizam a flora, garantindo a permanência de algumas espécies”. E continuava, em seguida: “E eu, ao viver, cumpro o significado da vida reservada ao ser humano?”

Essas reflexões acompanharam-me durante anos, cada vez com maior intensidade, à medida em que me dava conta de que as respostas em nada satisfaziam minha ânsia de encontrar o real sentido da vida! Como resultado, experimentava um enorme vazio, como se, na sequência dos dias, deparasse-me com um caminho nebuloso e incerto, sem saber para onde estava indo.

Um dia, acompanhando uma querida amiga que tinha sido convidada para uma atividade pública na Fundação Logosófica, em Botafogo, tudo mudou para mim! De imediato, surpreendi-me com o fato de ver pessoas de diferentes faixas etárias presentes naquele ambiente tão afetuoso: crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos estudavam uma ciência que os atendia amplamente. Como era possível isso? Naquele momento, recordei-me das minhas buscas por respostas. Todas elas apresentavam ideias que, com o tempo e o amadurecimento, eu logo reprovava. Então, como era possível que uma ciência atendesse a tão variadas fases da vida?

Com essas e muitas outras perguntas borbulhando internamente, iniciei os estudos da Logosofia. A riqueza de seus fundamentos, as reflexões lógicas que seus ensinamentos orientavam-me fazer, a clareza de seus princípios expressos em cada trecho — enfim, tudo o que lia na bibliografia Logosófica causava-me surpresa e intensa alegria!

Estava ficando claro para mim que o verdadeiro sentido da vida do ser humano está impresso em sua própria estrutura biopsicoespiritual. Somos parte de uma espécie dotada de um sistema mental prodigioso, constituído por faculdades que, em conjunto, formam a inteligência. Esta inteligência é capaz de descobrir e realizar todos os conhecimentos presentes na Criação, modelando a si mesma ao esculpir as melhores qualidades e virtudes, enquanto debilita as deficiências psicológicas. Isso não é, de fato, algo maravilhoso?

Como se tudo isso não bastasse, temos um sistema sensível que nos conecta ao cerne dos conhecimentos superiores, levando-nos a ser mais conscientes do amor por tudo o que existe especialmente aos demais seres humanos. E mais ainda: a realidade de nosso próprio espírito, cuja essência eterna remete-nos ao próprio Criador, dando um sentido ainda mais superior à vida.

O fato é que a verdadeira vida que devo viver consiste em fazer uso de todos esses mecanismos, elevando a minha estatura moral, ética e espiritual. Consiste em usar conscientemente esses mecanismos, ensinando ao outros a utilizá-los para o bem próprio e o de todos!

A Logosofia tem levado-me a perceber a realidade da vida em dois campos bem definidos: um que se projeta fora do meu ser – a vida externa – e outro que se encontra dentro de mim – a vida interna. Nessa íntima relação entre o interno e o externo, tenho encontrado respostas para minhas mais profundas inquietudes acerca de meu próprio ser, da humanidade, de Deus e do Universo.