Havia em mim um grande descontentamento e uma falta de confiança no futuro da humanidade, principalmente quando observava a atuação do mal no mundo. Entendia que o mal havia agigantado-se, sem ter mais o que fazer. Diante da manifestação do mal, dizia a mim mesma: pare o mundo que eu quero descer! Não fazia qualquer reflexão como: por que estou neste mundo?

Parecia-me um erro de entrega no endereço Planeta Terra.

Com a oportunidade de iniciar meu estudo nesta rica ciência, a Logosofia, conheci outro mundo: meu mundo interno, sendo uma parte dele o mundo mental, onde os pensamentos vivem, movem-se e reproduzem-se.

Voltando minhas observações para este mundo, fiz uma grande descoberta: o mal, que eu via com tanta repugnância no plano externo, estava também no meu interno.

Certa vez, vi-me relutante em realizar um trabalho em equipe na vida acadêmica. Surgiu então, em minha mente, o seguinte pensamento: faça sozinha; dará menos trabalho, e você tem uma razoável experiência neste assunto.

Notei que, se seguisse os “comandos” daquele pensamento, estaria agindo com o mesmo mal que observo externamente: o egoísmo. Eu deixaria de compartilhar com minha equipe o que já vivi, compreendi e refleti sobre o tema, tendo o ensejo de colaborar com seus processos de aprendizagem. Além disso, teria a oportunidade de ampliar meu entendimento sobre o tema, por meio da troca de conhecimentos e de estreitar meus laços de amizade com aquelas pessoas que via assiduamente, mas sobre as quais pouco sabia. Eliminei aquele pensamento egoísta da minha mente e segui com meus propósitos de bem.

Diante dessa vivência, recordei-me de um ensinamento da Logosofia que fala exatamente sobre a situação crítica mencionada: a cultura vigente apresenta sintomas que anunciam sua decadência, pois falha em sua base.

E por que falha em sua base? Porque “não foi nem é capaz de ensinar ao homem a conhecer a si mesmo. Não lhe ensinou a conhecer o mundo mental que o rodeia, interpenetra e influi poderosamente em sua vida”.

Meu primeiro pensamento foi: “claro! Isso mesmo! Como não pensei nisso antes?”

Ao compreender que o mal que existe em mim e no mundo tem suas causas, procurei combater as raízes desse mal, realizando em mim um processo de superação, que a Logosofia chama de processo de evolução consciente.

Iniciei por conhecer a mim mesma, procurando identificar, classificar e selecionar os pensamentos que estão na minha mente, sabendo que eles são os agentes causais da minha conduta. Busquei então pensamentos que estejam em sintonia com o propósito da vida humana: evoluir e colaborar para o bem da humanidade.

Após esses primeiros passos, nasceu algo grandioso: a confiança em mim mesma. Essa confiança é produto das minhas realizações e da minha superação interna, pois tenho esforçado-me para deixar de ser quem sou para me tornar quem pretendo ser.

E, se tenho conseguido cumprir com esse desafio, penso que todos também o podem fazer, desde que instituam um verdadeiro querer! Que esse querer impulsione a vontade de mudar, seguindo uma autêntica renovação da vida.

Hoje já não acho mais que fui entregue no endereço errado; entendo que estou no lugar certo e posso ser agente de transformação. Transformando primeiro meu mundo mental, substituindo os pensamentos negativos por positivos e construtivos, ampliando meu campo de ação, com uma conduta em consonância com meu verdadeiro sentir.

Assim, conquisto a confiança em mim mesma e vejo-a renascer no futuro da humanidade, no potencial de aperfeiçoamento de cada ser humano.