A importância de unir a mente ao coração
O autor buscou cultivar a unidade entre a mente e o coração, buscando proteger o propósito de viver uma experiência profissional com seus familiares.
Adoro andar de bicicleta. Há poucos anos, mudei-me para um bairro próximo à escola do meu filho. Passei a levá-lo na garupa da bicicleta para a escola. Ele foi crescendo e ficando pesado. Decidi comprar uma bicicleta nova para ele, pois a que ele ganhara da avó, anos antes, já havia sido dada à outra criança menor. Com a nova bicicleta, surgiu um novo problema: ele não sabia andar de bicicleta sem rodinhas.
Em minha mente, eu refazia uma viagem no tempo: há pouco mais de 30 anos, eu sentia vergonha por ser a irmã e a prima mais velha e ainda não ser capaz de andar de bicicleta sem rodinhas. Minha mãe, atenta, comprou um disco do Toquinho para crianças que tinha uma música que dizia “Não, não é vergonha, não, aprender a andar de bicicleta se escorando em outra mão”.
Recordo o momento em que aprendi finalmente, com meu pai segurando a bicicleta em volta da piscina, na casa de um amigo dele. Eu dizia para ele não soltar, e ele estava ali, até o momento em que o vi do outro lado da piscina. Caí, mas não me machuquei e descobri que eu tinha conseguido finalmente. Que sensação de triunfo experimentei naquele dia!
Partindo da minha experiência individual, achei que meu filho só conseguiria se meu esposo fizesse como meu pai. Eu insistia para irmos pedalar, mas percebia que o interesse maior era meu.
Recordei, então, um ensinamento de González Pecotche, do livro Bases para sua Conduta, que diz o seguinte:
Parei de insistir tanto com meu esposo, comprei rodinhas para a bicicleta do meu filho e fui aos poucos treinando com ele.
Descobri como nossa mente cria paradigmas que seguimos sem pudor. Eu fui capaz de ensinar meu filho a andar de bicicleta de uma forma completamente diferente da que eu aprendi. Quando venci o pensamento de querer insistir que outra pessoa fizesse algo que eu não me achava capaz de fazer, tive a oportunidade de aprender comigo mesma, capacitar-me, e acabei conquistando um companheiro para os passeios de bicicleta — meu filho.