O que é uma inquietude? O que significa ser inquieto? É melhor ser quieto ou inquieto?
A história da humanidade nos mostra que a evolução humana só aconteceu por causa das inquietudes. A busca pelas respostas e a procura constante por entender os processos que nos rodeiam, tudo isso foi essencial para o homem sair das cavernas e dos porretes para o conforto de casas seguras, totalmente equipadas e adaptadas a qualquer clima.
Mas e as respostas a questões mais profundas e misteriosas, do tipo: Deus existe? Fui criado por Ele com algum objetivo, ou sou apenas fruto da evolução de protozoários e não existe motivo algum para viver…? O que acontece quando morro?
Penso que, de uma forma ou de outra, todo ser humano já se fez alguma dessas perguntas ou se questionou sobre algo parecido. Mas por que temos essas inquietudes? Será lógico pensar que essas respostas não existem e não vale a pena perder tempo tentando respondê-las…? Mas, se temos inteligência para formular tais questões, essa mesma inteligência não será capaz de respondê-las?
Sempre fui muito inquieto e nunca gostei de respostas prontas. Sempre me rebelava quando, ordenado a fazer qualquer coisa que não tinha lógica para mim, meus questionamentos esbarravam na resposta: “isso é assim, e pronto” ou “porque sempre foi assim”. Por conta disso, vivi e causei muitas situações embaraçosas para minha família. As tradições e alguns eventos sociais eram para mim uma chatice, além de inúteis e desnecessárias.
Quando escolhi minha profissão, meu sonho era entender tudo sobre o ser humano e descobrir, por meio de pesquisas, a cura para várias doenças. Mas sempre fui desencorajado e chamado de sonhador ou “do contra” por querer questionar e tentar entender tudo. Cheguei a pensar em desistir da busca — “chega!”, dizia, “desisto, vou viver apenas o dia-a-dia, e pronto”. No fundo, porém, não estava feliz e procurei respostas nas religiões, filosofias, etc.; As respostas obtidas, porém, não acalmaram minhas inquietudes.
Tudo mudou quando, recém-casados, eu e minha esposa, que compartilhava de minhas inquietudes, pensávamos em como iríamos educar nossos filhos. A procura por uma pedagogia que não trabalhasse com respostas prontas, que estimulasse a individualidade e, principalmente, que os ensinasse a pensar livres de limitações dogmáticas, levou-nos a conhecer a Logosofia.
De cara, gostei da afirmação de seu autor, Carlos Bernardo Gonzáles Pecotche, de que devia trocar o crer pelo saber e de que não era necessário acreditar nele, e sim procurar comprovar seus ensinamentos, aplicando-os à vida. Hoje, após algum tempo de estudo e prática desta ciência, não posso afirmar que tenho todas as respostas às minhas inquietudes, mas já encontrei várias explicações e me conheço bem melhor, o que me permite ser muito mais feliz.
O processo de evolução consciente proposto pela Logosofia é um caminho longo, porém, ao percorrê-lo, sinto-me seguro e livre das limitações que tanto me causavam reações negativas. O conhecimento de mim mesmo, do mundo mental ou metafísico, do meu espírito — conceitos logosóficos que devem ser estudados em sua ampla bibliografia —, fazem com que eu sinta que estou me aproximando, lenta mas gradualmente, das respostas e, consequentemente, de Deus.
Outra prática recomendada pelo método logosófico é a de juntar ensinamentos e uni-los uns aos outros, como peças de um quebra-cabeças, para os compreender melhor. Esta montagem do grande quebra-cabeças que compõe as grandes verdades é um trabalho contínuo de enriquecimento da consciência que, por sua vez, é outro conceito de estudo profundo.
A Logosofia define a consciência como uma arca de conhecimentos e sentimentos que, enriquecida pelo acúmulo de conhecimentos transcendentes, constitui-se numa fonte de energia capaz de mover toda a engrenagem psicoespiritual do ser humano.
São muitos conceitos novos para revisar, estudar, assimilar e praticar; no entanto, este processo acalma minhas inquietudes e me faz muito feliz.
Em resumo: continuo inquieto, porém cada vez mais próximo das respostas iniciais, e neste processo — de perguntar, e responder, e entender —, sinto-me feliz, e despertam em mim novas perguntas.